Lídia Lima: “Vou levantar-me e deixar os assaltantes ocuparem a Mesa (AMSV)”
A escolha da mesa da Assembleia Municipal de S. Vicente foi um “filme” repleto de peripécias, revelações bombásticas, desabafos e uma prova clara da crispação politica que irá assaltar esse importante órgão autárquico neste mandato. Como já era de esperar, a possibilidade de Lidia Lima ser escolhida para presidir a Assembleia era remota, por causa da maioria relativa e devido a forma como decorreu a campanha. Nestas eleições, o MpD, melhor dizendo Augusto Neves, era o alvo a abater e isso ficou claro na postura da UCID, PAICV e MIMS. Logo seria mais previsível uma aliança entre estas três candidaturas do que entre o MpD e uma delas.
Com o resultado das urnas ficou evidente que Lidia Lima seria derrotada na assembleia, apesar de ter sido a candidata mais votada, pois iria contar com o apoio máximo de 9 dos 21 eleitos municipais na composição da Mesa definitiva, como rege a lei. Feita a votação, após um rocambolesco debate, acabou por sair perdedora com 9 boletins a favor, contra 11 da candidata Dora Oriana Pires e ainda uma abstenção.
Entretanto, tal como ontem, hoje não foi fácil desenrolar o nó que teimava em amarrar esse processo eleitoral interno. Se ontem foi votada e chumbada apenas uma lista apresentada pelo MpD, hoje a UCID, o PAICV e o MIMS resolveram formar a sua equipa. Colocaram como presidente Dora Oraiana, Albertino Gonçalves como vice-Presidente e Dirce Cruz como Vogal.
O nome de Lidia Lima, candidata vencedora para a AM, nem fumo. Este facto caiu mal ao ego da candidata do MpD, que classificou isso como um acto anti-democrático, um “assalto ao poder”, e tentou pressionar os eleitos da “coligação” a apresentarem os motivos dessa decisão para que ela e o povo de S. Vicente ficassem esclarecidos. No entanto, apesar de muita insistência nada disso aconteceu. Pelo contrário, alguns elementos do PAICV e da UCID interviram para lembrar-lhe que era “apenas” a presidente da Mesa provisória e que, caso quisesse tecer considerações sobre o processo, deveria sentar-se na plateia e pedir a palavra, tal como os outros membros. Alem do mais deixaram claro que aceitar o “pedido” de Lidia Lima era como exigir a um eleito municipal para justificar o sentido de um voto secreto.
Gorada essa tentativa, Lidia Lima teve que acatar a proposta de eleitos do PAICV, UCID e MIMS para levar as listas do MpD e do grupo a votação, tal como manda a lei. O escrutínio ditou a vitória da lista integrada por Dora Oriana (UCID), Albertino Gonçalves (MIMS) e Dirce Vera-Cruz (PAICV) respectivamente para presidente, vive e vogal.
Sem mais nada a fazer, Lidia Lima teve que entregar a Mesa. Antes, no entanto, reconheceu que a lei dá guarida a essa união entre o PAICV e a UCID – dois partidos com ideologias muito diferentes – para “assaltarem” o poder, pelo que, disse, muito respeitosamente iria levantar-se e deixar os “assaltantes” ocuparem lugar.
Segundo Flávio Lima, o MpD tentou negociar com as outras forcas para formar uma Mesa plural, mas com Lidia Lima como presidente. Inclusivamente, disse, prometeram profissionalizar os três vereadores da UCID, mas sem sucesso. Por isso nao restou ao MpD outra alternativa que nao elaborar uma lista só com nomes do partido, ontem e hoje. Flavio Lima apontou a sua bateria principalmente aos democratas-cristãos e por duas vezes António Monteiro “aplaudiu” a sua intervenção, o que levou Lidia Lima a chamar a atenção do presidente da UCID.
A contrapor-se ao discurso de “golpe”, a UCID, o PAICV e MIMS responderam com o previsto na lei. Depois de um longo debate foi finalmente decidida a constituição da Mesa definitiva, que deu logo andamento aos trabalhos e deu posse ao presidente eleito Augusto Neves e aos vereadores da CMSV Silmara Sousa, Rodrigo Rendall e José Carlos da Luz (MpD), António Monteiro, Neusa Sança e Anilton Andrade (UCID), e Albertino Graça e Celeste da Paz (PAICV).