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Julgamento Oliveira retomado segunda-feira com defesa nomeado à revelia

O julgamento de Amadeu Oliveira será retomado novamente na próxima segunda-feira no 3º juízo da Comarca da Praia, sem a sua equipa de advogados. Ao Mindelinsite, este confirma que foi nomeado um jovem causídico à revelia para fazer a sua defesa, sendo que é impossível conhecer o dossier em poucos dias. Apesar deste revés, Amadeu diz continuar firme e determinado na sua luta por uma melhor justiça no país.

“Estou a sentir-me aldrabado, defraudado e injustiçado como Arlindo Teixeira, Gilson Veiga e tantos outros cabo-verdianos que tiveram a infelicidade de recorrer a justiça no nosso país. A minha equipa de advogados foi substituída, após a minha detenção. É impossível em poucos dias um advogado nomeado conhecer este processo”, desabafa à este diário digital.

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Quando a possíveis consequências desta nomeação à revelia inclusive do advogado, Oliveira diz que é previsível, ou seja, a sua condenação independentemente de ter feito provas e das irregularidades cometidas durante o julgamento.  O objectivo? Apresentar aos cabo-verdianos uma sentença na primeira instância com fundamento de uma narrativa construída, dizendo que é um irresponsável, injuria e calunia sem provas.

“Querem é ter uma sentença nula e invalida, que lhes serve para apresentar aos cabo-verdianos e à comunicação social, mesmo sabendo que ainda poderei e irei recorrer para o Tribunal de Relação e Supremo Tribunal de Justiça, onde o processo vai ficar parado até prescreve. Mas, para eles, os agentes do sistema judicial, é importante ter esta sentença da primeira da primeira instância, ainda que assente em irregularidades.”

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Para o arguido, o que se quer é um “golpe de propaganda” porque têm a consciência de que tudo o que disse é verdade, sobretudo no que se reporta ao caso Arlindo Teixeira que ficou dois anos em prisão ilegal, imoral e inconstitucional, o mesmo acontecendo com Gilson Veiga. Mas, em termos morais, deixa claro que mantém a mesma determinação e vontade de lutar até o acordar de consciência no que se reporta a não justiça.

“Sento-me doente porque apanhei covid-19 e, logo de seguida, puseram-me três noites a dormir no chão, com as costelas em contacto directo com o piso, numa cela sem casa de banho. Isto desenvolveu-me um início de pneumonia que estou a lutar neste momento. Tenho uma tosse frequente que dificulta a fala. Mas em termos de moral, a minha determinação continua intocada e a minha determinação em continuar a mesma até um acordar de consciência no que se reporta a não justiça”, afiança.

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Antes da nomeação do advogado-estagiário Edmilson Semedo, a Ordem dos Advogado terá convidado mais de dez advogados para substituir a equipa de defesa de Amadeu Oliveira que abandonou a sala de audiência após a sua detenção. O próprio Edmilson terá pedido escusas, com o argumento complexidade do caso. Mas a juíza indeferiu o pedido e obrigou o jovem a ficar com o dossier para analisar antes da retoma do julgamento.  

Oliveira, recorda-se, foi detido na manha de ontem de ontem na sequência de um desentendimento com a juíza Ivanilda Varela, devido a recusa desta em aceitar um requerimento em que denunciava ter havido falsificação do seu próprio processo de julgamento. A juíza indeferiu o pedido e Amadeu não aceitou, tendo sido preso à força ainda dentro do tribunal.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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