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Índice Global da Fome 2022: Cabo Verde com nível “moderado de fome”

O relatório do Índice Global da Fome 2022, publicado esta quinta-feira, revela que a situação mundial da fome é de uma forma geral “sombria e lúgubre”. A fome no mundo, diz o documento, foi agravada pelo impacto da pandemia de Covid-19, guerra na Ucrânia e alterações climáticas, destacando os cinco países com níveis “alarmantes de fome”: Iémen, a República Centro-Africana, Madagáscar, Congo e o Chade. Cabo Verde aparece classificado com um nível moderado de fome. 

O estudo prevê que “a situação é susceptível de piorar perante a actual onda de crises globais sobrepostas”, nomeadamente as alterações climáticas, as repercussões económicas da pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia, a qual “veio aumentar ainda mais os preços globais dos alimentos, de combustíveis e fertilizantes”. Este explica ainda que “estas crises vêm juntar-se a factores subjacentes, tais como pobreza, desigualdade, governação inadequada, fracas infra-estruturas e baixa produtividade agrícola, que contribuem para a fome e vulnerabilidade crónicas”.

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Por isso, os especialistas advertem que “sem uma mudança significativa” existe um potencial de agravamento da situação já em 2023 e não se prevê que o mundo no seu conjunto consiga atingir um nível baixo de fome até 2030, ao contrário do objectivo global de erradicação da fome (que é um dos 17 Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda de 2030 estabelecidos pela ONU).

A pontuação mais alta, correspondente a um nível alarmante de fome, é atribuída ao Iémen (índice de 45,1). Seguem-se a República Centro-Africana (44), Madagáscar (38,7), República Democrática do Congo (37,8) e o Chade (37,2). Com níveis de fome previsivelmente alarmantes estão o Burundi, a Somália, o Sudão do Sul e a Síria.

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Entre os Países Africanos de Língua Portuguesa, Moçambique aparece com um nível sério de fome, ainda que não tenha apresentado dados suficientes, sendo-lhe atribuído um intervalo de 20 a 34,9 pontos. A Guiné-Bissau também aparece com um nível grave de fome (30,8), assim como Angola (25,9), enquanto Cabo Verde apresenta um nível “moderado de fome “ (11,8).

O alerta para a situações de fome em Cabo Verde, refira-se, foi praticamente deste o início deste ano. Em junho em uma publicação na sua página, as agências da ONU justificavam o aumento do número de pessoas no país a passar por situação de insegurança alimentar no país com a seca, a Covid-19 e a crise na Ucrânia. Segundo a mesma fonte, 181 mil pessoas estavam a ser afectados pelas crise de alimento e de nutrição, incluindo crianças, num total de 32% da população nacional. Antes, em abril, uma missão da FAO, PMA e Governo descobriu que famílias de áreas rurais estavam a reduzir o número de refeições e comendo menos, às vezes passando de três refeições por dia para apenas uma.

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O relatório é elaborado anualmente pelas ONG Welthungerhilfe e Concern Worldwide para analisar o estado da fome no mundo. Este ano, a edição chama-se “Transformação dos sistemas alimentares e governação local” e foram identificados “sinais de progresso”, apesar de a situação global ser “sombria e lúgubre”. Entre os “sinais de progresso estão “reduções impressionantes na fome” em 32 países, que viram o seu índice de fome diminuir em 50% ou mais. Entre eles está Angola que passou de um índice de 64,9 em 2000 para 25,9 em 2022 (ainda assim considerado grave).

C/RFi.fr

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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