Independência: “Em democracia não há legitimidade histórica”, responde Vander Gomes ao PAICV

O deputado Vander Gomes afirmou hoje, em resposta ao posicionamento crítico do PAICV sobre o início da celebração dos 50 anos da Independência no dia 25 de abril e sem referência aos protagonistas da luta de libertação nacional, que não há legitimidade histórica em democracia. Em conferência de imprensa, o Secretário-Geral Adjunto do MpD afirmou que a retórica de “alguns saudosistas” no sentido de orientarem a ação e os discursos dos eleitos do povo não faz sentido nos tempos de hoje e num Estado de direito democrático.
“Já não se justifica que, para se conseguir protagonismos e notoriedades pessoais, se tente aproveitar indevidamente da imagem e do contributo de Amilcar Cabral como bengala”, afirmou o porta-voz do partido do Governo. E muito menos, prossegue, se justifica o uso da figura ímpar de Cabral “com o objetivo de provocar divisões e estratificações no seio da comunidade residente e na diáspora”.
Questionado sobre o facto de o Primeiro-ministro e o Presidente da Câmara de S. Vicente terem ignorado Amílcar Cabral nos seus discursos na cerimónia de abertura oficial das festividades, Vander Gomes assegurou que Cabral constitui, de facto, uma grande imagem e figura para o povo cabo-verdiano. Acrescentou que, neste sentido, deve ser homenageado com ações diárias e que não será num momento concreto que a sua imagem e a luta que desencadeou serão denegridas.
No tocante a ausência de combatentes da liberdade da pátria no acto, Gomes frisou que o Comandante Pedro Pires faz parte da comissão de honra dos 50 anos da Independência e acha que essas figuras vão estar incluídas noutros actos cerimoniais. Este deputado sublinhou, entretanto, que a Independência é um advento para orgulhar a nação cabo-verdiana e não para ser usado como divisor de águas. “Nenhum partido deve apoderar-se do 5 de Julho senão a data perde força e simbolismo. A data é de todos os cabo-verdianos, sem excepção, e não de um partido ou de alguns que se intitularam ‘melhores filhos desta terra’”, disse.
Numa referência ao PAICV, Vander Gomes enfatizou que não entenderam ainda que, depois do 5 de Julho de 1975, aconteceram outros marcos como o 13 de Janeiro de 1991. Assim como, adicionou, o regime imposto após a Independência deixou de imperar, que os cabo-verdianos já não precisam de “força, luz e guia” de nenhum partido para terem orgulho na nação.
O MpD, conforme Vander Gomes, reconhece o contributo de todos os que lutaram pela Independência, pelos sacrifícios consentidos e os resultados alcançados. Lembrou, no entanto, que a história segue o seu percurso e que Cabo Verde não parou no tempo. Hoje, diz, os protagonistas são escolhidos pelo povo, ao qual prestam tributo.