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HBS acusa deputados do PAICV de alarmar população e diz que óbitos de recém-nascidos foram por prematuridade extrema e mal-formações congénitas

A direção do Hospital Dr. Baptista de Sousa acusou hoje os deputados do PAICV eleitos por S. Vicente de proferirem inverdade e meias verdades de forma irresponsável e de modo a alarmar a população. A presidente do Conselho de Administração, que reagia a conferência de imprensa proferida ontem pelos eleitos nacionais tambarinas, explicou que os cinco recém-nascidos falecidos usados para justificar o aumento de óbitos foram por causa “não evitáveis e de causas conhecidas”, como prematuridade extrema e mal-formações congênitas incompatíveis com a vida. 

Segundo Ana Margarida Brito, o HBS tem como principal objectivo aumentar o acesso de forma igualitária e equitativa a todos os utentes, com base nas prioridades clínicas. Neste sentido, reorganizou a Central de Consultas e, com isso, deixou de ser necessário os utentes deslocarem ao hospital várias vezes e se submeterem a longas filas de espera, para conseguirem uma marcação. A PCA do HBS elencou ainda os ganhos registados em outros serviços, por exemplo, a informatização de todo o hospital, o Centro de Hemodiálises, o hospital de dia polivalente para os doentes enológicos e crónicos, a capacitação técnica dos profissionais, de entre muitos outros.

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Relativamente a denúncia feita pelos deputados do PAICV por São Vicente sobre o alegado aumento do número de óbitos de recém-nascidos, Ana Brito desmentiu que estas tenham ficado sem explicação. “Foram óbitos não evitáveis e de causas conhecidas, que se podem verificar em qualquer hospital”, afirmou, negando, por outro lado, a existência de qualquer bactéria a circular nos serviços de pediatria.

Prematuros extremos e mal-formações

Mais consistente, a directora de Neonatologia do HBS informou que o serviço tem uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal que dá vazão a todos os pacientes graves prematuros e recém-nascidos desta região do país e aos pais são sempre elucidados sobre as causas pelas quais estes são internados. Igualmente, os óbitos são explicados. “Dos cinco óbitos que tivemos, dois foram prematuros extremos, ou seja, recém nascidos com 5/6 meses de gestação (24-26 semanas de idade gestacional). Estamos a falar de prematuros com 600 a 700 gramas. Também tivemos um com mil gramas que foi a óbito”, especifica, realçando que a prematuridade é uma realidade em todo mundo e em Cabo Verde tem como principal causa o não seguimento da gravidez nas unidades de saúde. 

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No caso em concreto, diz, apenas um dos óbitos não foi devido a não realização de consultas pré-natal. Mas, de acordo com Kátia Costa, na maioria das vezes deparam com gestantes com zero ou, no máximo, duas consultas pré-natal. “Estamos a falar de gestantes que, durante a gravidez, optam por não fazerem o acompanhamento. Por isso não conhecem as suas patologias, seja uma infecção urinária, hipertensão ou diabetes e, obviamente, não são seguidas”, exemplifica, destacando que o próprio HBS oferece consulta de gravidez de alto risco denominada de GAR, onde as gestantes são seguidas. Mas, se não fazem esta consulta, desconhecem as patologias que podem ter durante a gravidez.

De acordo com Kátia Costa, a principal causa de morte no HBS é por infecção do trato urinário. “Temos casos de gestantes que são medicadas e que não compram o medicamente. Muitas vezes, chegam na sala de parto ainda com a receita. E confirmam que não fizeram a medicação. Aproveito para pedir a conscientização da população, principalmente das gestantes para acudirem aos centros de Saúde para fazerem o controlo pré-natal para que possamos diminuir os recém-nascidos prematuros no hospital.”

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As outras duas causas de óbitos de récem-nascidos, pontua, foram mal-formações congénitas inevitáveis e incompatíveis com a vida. “Um dos prematuros tinha mal-formação do sistema nervoso central – estou a falar do cérebro e cardíaco-, que somente soube nas últimas semanas de gestação porque a gestante fez apenas fez uma ecografia pré-natal. O outro bebé faleceu num pós-operatório de uma hérnia hiatal. Teve acesso a cirurgia com menos de 24 horas de vida no HBS, mas acabou por ser óbito”, detalhou, especificando ainda que, a quinta causa, foi uma bebé que já estava em casa de alta. 

Segundo Kátia Costa, neste caso o bebé teve alta com 48 horas de vida. Posteriormente, com nove dias de vida deu entrada no banco de urgência de pediatria. Ou seja, trata-se de um bebé que veio da comunidade e foi internada em estado “pré-mortem” gravíssimo.  “Os exames colhidos neste bebé na hora foram incompatíveis com a vida”, acrescentou, aproveitando para explicar que, no HBS, a taxa de mortalidade infantil no serviço de neonatologia é de 1,2 por cento por cada mil nascimentos vivos.

Em 2022, tivemos 1250 nascidos vivos e, destes, tivemos 1,2% de óbitos, quando no mundo é esperado 4,5%. Temos países com o Brasil, que tem uma avanço considerado na neonatologia, a taxa de mortalidade até 2019 era de 3,5%, baixando para 1,3% mais recentemente.”

Cirurgias em regime non stop

A Presidente do Conselho de Administração negou, por outro lado, que o HBS tenha reduzido o número de cirurgias por causa da escassez ou diminuição de material disponível. Ana Brito garante que, diariamente, fazem-se cirurgias non stop no hospital, verficando-se neste particular uma enorme contribuição das missões estrangeiras de cooperação. Admitiu, no entanto que, em 2022, por causa da avaria de um berbequim, algumas cirurgias ortopédicas, sobretudo de colocação de próteses, tiveram de ser adiadas. Mas o problema foi resolvido e a situação já voltou a normalidade. 

Negou, igualmente, o aumento da mortalidade na terceira idade, classificando aliás esta informação de alarmista e irresponsável. “Esta é uma afirmação que pode ser desmentida com números, que nos disponibilizamos a oferecer aos senhores deputados e a quem estiver interessado na verdade”.

Em jeito de remate, esta responsável anunciou que está neste momento em andamento o concurso para a aquisição do aparelho de TAC e de laparoscopia.  Quanto a realização aos atrasos na realização dos exames de sangue, garantiu que, comparativamente aos passado houve uma melhoria significativa. Saca da estatística para dizer que, só no ano findo, foram realizados nos laboratórios do hospital exames a 79 mil utentes, sendo que os exames urgentes são imediatos.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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