Governo e Sistema das Nações Unidas alinham no Mindelo programas e linhas de financiamento
O Governo e o Sistema das Nações Unidos estiveram ao longo da manhã desta quarta-feira a alinhar todos os seus programs, linhas de financiamento e assistência técnica para uma melhor coordenação e para as prioridades determinadas pelo Executivo. No término do encontro, o Ministro do Mar, Abraão Vicente, num breve balanço à imprensa, falou num “alinhamento total” com fogo no desenvolvimento da Economia Azul, como uma economia real com impacto na vida das pessoas.
De acordo com o Ministro, este encontro, que reuni todos os sectores ligados ao seu ministério e as oito agências que integram o Sistema das Nações Unidas, produziu três prioridades básicas: necessidade de infra-estruturas de apoio às pescas nas zonas costeiras, de infraestruturas de logística e a dotação de uma frota de pesca que possibilita a Cabo Verde não só cumprir a sua quota de pesca internacional, como melhor preservar o seu ecossistema. “Basicamente concluímos que, ao invés de termos muitos programas, dirigidas e pilotadas por várias agências, muitas vezes sem a devida coordenação quer do Sistema das Nações Unidas, quer pelo Governo, é preciso ter um alinhamento total para definir, mapear e fazer com que estes programas sejam desenvolvidas com o foco no desenvolvimento de uma economia azul como uma economia real, ou seja, com impacto na vida das pessoas”, declarou.
Abraão Vicente garantiu que o foco foi para o sector das pescas e, neste sentido, foi apresentado toda a infraestrutura existente de Santo Antão a Brava, ou seja, o que existe, o que é necessário e o que é possível fazer com os recursos existentes. “Concluímos que há recursos dentro das linhas de financiamento já divulgadas, mas é preciso é fazer um trabalho de consolidação. Neste sentido, ficou marcado para janeiro do próximo ano a realização de uma primeira reunião técnica entre a equipa de pilotagem do Governo e os grupos temáticos do Sistema das NU para vermos como alinhar os financiamentos e os recursos já existentes para três focos ligados a infra-estruturação do país ligados as pescas. Vamos ainda fazer com que estes recursos sejam canalizadas para as prioridades que o Governo já definiu”, pontuou.
Puderam ainda ver o modo como o está interligado o turismo e a economia azul e o turismo e a pesca, e ainda como estes aparecem nos oito pilares definidos no no Plano Nacional de Investimentos ligados a Economia Azul. “Da parte do MM, revisitamos os três instrumentos estratégicos já aprovados e publicados no Boletim Oficial. Do lado do Sistema das NU já há um alinhamento em como é preciso sermos mais eficientes e mais colaborativos e, de certa forma, termos uma sistema de governança que seja mais inteligente para ter resultados concretos no sector”, acrescentou.
Protocolo FAO e EMAR
Antes, da Escola do Mar Cabo Verde (EMAR) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) rubricaram um protocolo de cooperação que, Ana Touza, partiu das mulheres de São Vicente ligadas ao sector das pescas. “As mulheres que trabalham no sector das pescas que pediram para ter uma maior participação no sector, ter uma voz que seja ouvida e maior empoderamento económico. Colocamos no papel aquilo que nos foi pedido”, frisou a coordenadora residente interina do Sistema das Nações Unidas.
Exactamente por isso, entende esta responsável que é motivo de orgulho poder canalizar estas vozes, neste que é o primeiro protocolo que a FAO está a assinar. “Não é um trabalho nosso, mas sim de todas as mulheres que estão no sector das pescas e que têm de ser visualizadas, formalizadas e capacitadas. Têm de ter a oportunidade de terem maior rendimento num contexto de gênero também e fazer uma vida de inclusão social completa. As mulheres são boa parte do sector das pescas. Então temos é de agradecer e continuar esta caminhada”, acrescentou.
Já o presidente do EMAR, Ivan Bettencourt, aproveitou para agradecer a confiança da FAO na Escola em prestar serviços para a comunidade, principalmente no que tange a igualdade de género. “A FAO neste momento está a financiar a formação para as infraestruturas. Portanto, vamos formar para que quando a FAO oferecer um carro de frio, a comunidade possa ter expertise para fazer a sua utilização e manutenção”.
Em termos concretos, este protocolo prevê, de entre outros objectivos, a formação de mulheres do sector das pescas nas ilhas do Maio e de São Vicente.