O Governo decidiu descontinuar a medida de compensação do trigo importado pela Moave. Com isso, o saco de trigo de 50 kg, que antes custava 2.890 escudos, quase que duplicou de preço e está a ser vendido a partir de hoje por 4.600 escudos. Trata-se de um aumento na ordem dos 60%, que vai reflectir no custo final do pão. Já o milho, de acordo com as nossas fontes, continua a ser subsidiado pelo Estado, sobretudo devido a forte pressão de operadores afectos ao partido no poder, o MpD.
Apesar das tentativas, não foi possível falar com a directora da Moave, a única empresa que importa e comercializa trigo em Cabo Verde. Entretanto, ao que Mindelinsite conseguiu apurar, o Governo e a empresa vinham negociando desde o início do ano e, durante este período, a venda do trigo pela Moave esteve suspensa. Poém, não houve acordo e o Governo suspendeu a compensação ao preço.
Com isso, o saco de farinha que antes era vendido por 2.890 escudos, passou a custar 4.600 escudos, uma subida de 60 por cento. “O trigo deixou de ser subsidiado pelo Governo e, com isso, o preço disparou. A consequência será o aumento do preço do pão. Neste momento uma unidade custa 18 escudos, se for acrescentado os 62% vai com certeza chegar aos 30 escudos. E as padarias vão ter de fazer este ajuste sob pena de fecharem as portas porque não conseguem compensar o aumento”, enfatiza.
Já o saco de farinha de 25 kg, antes vendido por 1.445 escudos, aumentou para 2.300 escudos. Quanto ao milho de segunda, utilizado para ração animal, manteve-se nos 2.360 o saco com 50 kg.
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Confrontado, o sócio-gerente da padaria Alecrim, Alcides Lima, ficou a saber do aumento através da reportagem do Mindelinsite. Por isso, não consegue, pelo menos por agora, falar do possível impacto desta medida. “Vamos ter de calcular os novos preços do pão, tendo como base este aumento”, disse.
João Leão, da Fábrica Sport, mostrou-se perplexo com esta decisão do Governo de deixar de subsidiar o trigo. “É uma loucura. O saco de trigo de 50 quilos sofre um aumento exponencial. Ainda não sabemos como transferir estes custos para o produto final. Mas, de certeza que o aumento vai ser brutal. Vai afectar as padarias e o consumo de forma drástica.”
Com a associação de padarias inativa, João Leão promete contactar alguns colegas para tentar traçar uma estratégia e abordar o Governo no sentido de avaliarem esta medida. “Esta notícia é de hoje e, infelizmente, ainda nem todos os responsáveis das padarias estão a par deste aumento. No meu caso sei porque pertenço também à administração da Moave. Vamos ter de concertar e tentar sensibilizar o Governo para recuar porque esta é uma brutalidade”, diz, admitindo que é precipitado avançar com possíveis preços de venda do pão a partir de agora. “Agora, que o impacto será gravíssimo, disto não tenho dúvidas”, pontuou.
Foi impossível ouvir a presidente da Associação para Defesa dos Consumidores (Adeco), Eva Marques, que se encontra fora do país. Também não conseguimos uma reação do vice-presidente, Eder Brito, que não atendeu as nossas chamadas.