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Embaixador da Líbia chama atenção para impacto negativo no turismo pelo ruído das motos em S. Vicente

O Embaixador da Líbia em Cabo Verde chamou a atenção do edil Augusto Neves para os impactos negativos que o barulho das motos com escapes alterados pode acarretar para o turismo em S. Vicente. De visita pela primeira vez à ilha para acompanhar o fórum “Pensar S. Vicente 2035”, que decorreu de 19 a 21 deste mês, o diplomata Salah Ali Abourgegha sentiu na pele o incómodo da poluição sonora provocada por esses veículos, em particular à noite.

Hospedado num hotel no centro da cidade, foi acordado por volta das duas horas da madrugada e, ao resolver sair à rua, deparou-se com quatro motociclistas circulando à alta velocidade em motociclos com escapes modificados e que aumentam o nível do ruído.

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Segundo Ali Abourgegha, estava a tomar o pequeno almoço quando um casal alemão se assustou com o barulho provocado por uma moto que passou perto do hotel. De tal forma que o homem deixou cair uma colher que tinha na mão. “Estas cenas acontecem também na Líbia, pessoas que modificam os escapes para aumentar o ruído da moto. Na Líbia, acabamos por aprovar uma lei que concede poderes às autoridades para confiscar esses veículos”, disse o Embaixador líbio ao presidente da Câmara de S. Vicente durante uma mesa-redonda com a participação do edil Augusto Neves e o presidente da Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde (ANMCV).

De forma diplomática, mas sincera, Ali Abourgegha fez mais uma “observação” e uma “recomendação”, com o intuito de ajudar no crescimento turístico da cidade do Mindelo e acentuar a beleza desta urbe. A primeira tem a ver com a falta contentores de lixo para papel nas ruas da cidade. Pelas voltas que deu, constatou que Mindelo é um centro limpo, mas notou a ausência de papeleiras para quem quer desfazer-se de um mero papel de rebuçado.

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O outro aspecto tem a ver com a harmonização das cores das casas e hotéis contruídos na cidade. O diplomata sugeriu ao edil Augusto Neves que deveriam ser pintadas de tonalidades claras para dar mais graça à cidade e suavizar o impacto visual. Segundo o embaixador, está cientificamente provado que as cores mais ideais são as claras. Se a cidade tiver uma cor mais harmoniosa, diz, isso dá até um certo sossego para os olhos dos transeuntes. “As montanhas costumam ter uma textura mais escura e, quando as construções têm uma cor branca ou rosa, trazem mais beleza e mais encanto”, enfatizou Salah Ali Abourgegha, que fez questão de sublinhar que isso é apenas uma sugestão, e não uma imposição.

Aliás, o diplomata sentiu-se à vontade para fazer essas abordagens devido a paixão à primeira visita que sentiu por Mindelo e pela relação cordial que criou com os cabo-verdianos durante estes três anos como representante da Líbia em Cabo Verde.

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Durante esta primeira estada na cidade do Mindelo notou também vários aspectos positivos. Um deles o nível de segurança urbana. Segundo o diplomata, costuma fazer caminhada por volta das 4 da madrugada, manteve esse hábito em S. Vicente e em nenhum momento foi atacado por assaltantes ou foi invadido por algum sentimento de insegurança. Outros pontos positivos que encontrou foram a beleza em si da cidade do Mindelo, a limpeza e a sua organização, mas também o facto de os mindelenses serem um povo culturalmente forte. Aspectos que podem jogar a favor do turismo, na sua perspectiva.

Especializado em “Assuntos Africanos”, o Embaixador Salah Ali Abourgegha já trabalhou em pelo menos 18 países africanos. E confessa que acabou por nutrir uma relação diferente com Cabo Verde.

Disposto a usar da sua influência em prol do desenvolvimento económico do arquipélago, o representante líbio assegurou que vai estimular investidores do seu país e do mundo árabe para virem explorar oportunidades em Cabo Verde. Aliás, sugeriu a ida a Líbia, Qatar e Arábia Saudita de uma delegação cabo-verdiana para apresentar as potencialidades de investimento em Cabo Verde, nomeadamente em S. Vicente. O diplomata diz ter a certeza que essa iniciativa iria dar frutos.

Da sua parte assegurou que irá trazer empresários líbios a Cabo Verde. Ele que, diz, tem sido abordado pelos seus pares sobre as oportunidades de comércio existentes no arquipélago, nomeadamente na área da pesca.

Salah Ali Abourgegha fez essas considerações durante um encontro com os presidentes das Câmaras Municipais presentes no fórum Pensar S. Vicente. Ele que, diz, viajou 16 horas e cancelou as suas férias para poder estar na cidade do Mindelo.

Augusto Neves ciente da poluição sonora das motos em S. Vicente

Confrontado pela imprensa sobre as considerações feitas pelo diplomata, Augusto Neves reconheceu que o barulho das motos circulando pela ilha de S. Vicente chega a incomodar, principalmente quando isso acontece à noite. “Vamos conversar com as autoridades para vermos como minimizar esse problema”, reagiu o presidente da CMSV, para quem a Polícia Nacional será incapaz de resolver esse fenómeno sozinha.

O edil adiantou que a autarquia tem estado a trabalhar no processo de criação da Polícia Municipal, já foi feita a seleção dos efectivos para depois serem formados. Segundo Neves, caberá a essa força policial o papel de ajudar a organizar as ruas e disciplinar comportamentos sociais, mas de uma forma pedagógica. Ele que vê a Polícia Municipal mais numa perspectiva pedagógica, próxima das pessoas, visando garantir a tranquilidade urbana.

Quanto aos contextores de lixo para papel, o edil enfatizou que antes estavam instalados na cidade do Mindelo, mas que foram retirados devido a mau uso. Como explica, os transeuntes passaram a despejar restos de comida nas papeleiras, o que provocava o surgimento de moscas e mosquitos. Para travar esse problema ambiental, diz, a CMSV decidiu recolher os contentores.

Neves mostrou-se grato às “sinceras” chamadas de atenção do diplomata líbio. Segundo o autarca, Salah Ali Abourgegha fez observações do conhecimento da CMSV e da sociedade mindelense, mas que precisam ser realmente resolvidas. Para ele, o embaixador deu provas de respeitar os cabo-verdianos e de querer ajudar o país no seu processo de desenvolvimento, tanto assim que fez questão de acompanhar o fórum.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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