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Deputada Dora Pires entende que CV não enfrenta a fome generalizada, mas, diz, há famílias a passar fome

A deputada Dora Pires defendeu esta manhã que Cabo Verde não enfrenta um quadro de fome generalizada, mas, por outro lado, deixou claro que há famílias que não conseguem comprar o suficiente para as suas necessidades. “Isto é real, isto significa que há famílias a passar fome”, conclui. A parlamentar fez esta consideração após uma visita ao círculo eleitoral de S. Vicente e que permitiu um contacto directo com vários agregados.

Segundo essa eleita pelo círculo de S. Vicente, as organizações definem o conceito de fome quando o fenómeno atinge uma massa populacional expressiva e, para ela, isto não ocorre no país. Porém, alerta, há um quadro de insegurança alimentar, que é individual. Neste sentido, prossegue, há pessoas que têm dificuldades em conseguir um mero “bife d’caneca”, ou seja, uma chávena de chá ou café com pão ou bolacha.

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Esta situação, alerta, vai piorar com o aumento de alguns produtos básicos, como a farinha e o trigo. “Com este aumento, quem comia um pão, agora vai ter de comer metade; se uma mãe comprava um pão para cada filho, agora vai ter de comprar um e dividir. Esta situação é complicada”, diz Dora Pires.

Esta tendência, adverte a deputada eleita na lista da UCID, choca com a promessa do Governo de acabar com a pobreza extrema. Aliás, salienta, o facto de o Palácio da Várzea incluir esta promessa no seu programa significa que o próprio executivo reconhece a existência da pobreza extrema em C. Verde.

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Dora Pires fez esta análise durante uma conferência convocada para fazer uma antevisão da segunda sessão plenária do mês de fevereiro e falar do resultado de uma visita dos deputados da UCID ao circulo de S. Vicente. Como referiu, estão agendados quatro pontos para a plenária que começa amanhã e termina no dia 25: Debate com o Primeio-ministro, Aprovação de duas propostas de lei; Aprovação de dois projectos de resolução; Fixação da acta da sessão especial de investidura de José Maria Neves no cargo de Presidente da República.

Para a UCID, o primeiro ponto é que vai ser acalorado. O debate, diz, irá incidir sobre o papel do Estado na mitigação da crise económica e social e o seu impacto na vida das famílias e empresas, indicado pelo PAICV. Para os democratas-cristãos, este assunto é pertinente devido ao aumento exponencial dos preços em vários produtos registados nos últimos tempos. Como lembra, o preço médio dos combustíveis acumularam uma subida de 37,4 por cento em 2021 e provocou uma escalada dos custos a vários níveis, nomeadamente no aumento do gás butano, das tarifas de electricidade e da água. Além disso foi registado o agravamento no preço dos transportes, tudo isto com impacto na vida dos cabo-verdianos.

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“Os custos das importações aumentaram; o Governo descontinuou as medidas de compensação do trigo e do milho; a farinha aumentou 19%, o milho de segunda foi agravado em torno dos 47,5%, a cevada aumentou 16%, com impacto directo noutros alimentos; todos os produtos derivados da farinha registaram aumentos; o preço da ração também aumentou”, enumera a porta-voz da UCID, enfatizando que um caso de farinha de trigo de 50 quilos agora é vendido por 2.840 escudos, ou seja, mais 500 escudos que o valor anterior. A estes exemplos, diz, junta-se o imposto sobre o consumo especial aplicado em cerca de 2.000 produtos.

Esses sucessivos aumentos, salienta Dora Pires, não foram acompanhados da reposição do poder de compra da população, lembrando que há mais de cinco anos que o Governo não efectua a actualização dos salários na administração pública.

Segundo Dora Pires, os deputados da UCID constataram os impactos dessa realidade nas famílias visitadas em S. Vicente. Nesse contacto, diz, registaram a preocupação de muitos cidadãos sobre a realidade económica e o aumento do custo de vida. Um quadro agravado pela elevada taxa de desemprego, fundamentalmente na camada jovem. “Como é que se pode falar em retoma económica nestas condições?”, pergunta a parlamentar, para quem o Governo deve aumentar o salário mínimo e a pensão social, quando há pensionistas a viver com uma reforma de 7 mil escudos.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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