CVOW: Explorador Fabien Cousteau considera que C. Verde está na linha da frente do combate às mudanças climáticas
O explorador francês Fabien Cousteau revelou hoje o interesse de uma das suas empresas em trabalhar em C. Verde nos domínios da exploração oceânica e da resiliência costeira, em parceria com o Governo, as comunidades e organizações locais. Um dos objectivos, segundo este cientista, será ajudar os pescadores e as populações que dependem da saúde do mar para a sua subsistência e o próprio sector do turismo. Para o aquanauta, o arquipélago está neste momento na linha da frente do combate às mudanças climáticas.
“Cabo Verde é uma grande nação oceânica e um dos grandes guardiões dos oceanos. Este é um lugar incrível por causa do seu povo, dos seus recursos marinhos e pelo facto de poder vir a ser um líder mundial na conservação do clima a nível mundial”, frisou Cousteau momentos antes de intervir no painel “Adaptação às mudanças climáticas e resiliência costeira – Desafios e oportunidades de gestão sustentável dos recursos marinhos em países insulares”, no primeiro dia dos chamados “Blue Talks”, no quadro da CV Ocean Week.
Para o orador, esta conferência temática oferece uma grande oportunidade para um debate sobre as transformações em curso no clima e do nível de poluição existente actualmente. O aquanauta fez, entretanto, questão de realçar que, falar do clima, não é sobre o que se sabe, “que é muito pouco”, mas principalmente sobre o ainda desconhecido. “Quando falamos das mudanças climáticas temos a tendência em olhar para cima e para a terra, quando a estabilidade climática depende muito mais do que acontece nos oceanos. Precisamos de ter uma visão mais abrangente, daí a importância desta conferência. Mas esta conversa não deve acontecer apenas aqui em C. Verde, mas sim em todo o lado”, adverte.
Segundo Fabien Cousteau, uma das razões de estar na ilha de S. Vicente, palco central da CV Ocean Week, é a possibilidade de poder trabalhar com outras entidades com vista ao estabelecimento de uma plataforma colectiva de entendimento e de cooperação, que possa permitir delegar às futuras gerações um mundo melhor. Na sua opinião, o arquipélago atlântico está na linha da frente do combate às mudanças climáticas e deve ter consciência deste desafio, apesar de ser um pequeno Estado insular. Lembrou, aliás, que no mundo tudo está conectado, ao ponto de um fenômeno ocorrido num determinado ponto surtir influência noutra coordenada. E usou como exemplo o facto de os furações que atingem os Estados Unidos da América iniciarem os seus processos exatamente em C. Verde.
Hoje, dia 5, o Centro Oceanográfico do Mindelo acolheu o primeiro dia de “Blue Talks”, enquadrados na sétima edição da CVOW. O primeiro painel desta manhã falou do “Financiamento Climático e Tecnologias Limpas – Papel das instituições financeiras internacionais no financiamento de projetos climáticos e tecnologias limpas”. Neste tema, foram abordados os casos de países e regiões que implementaram com sucesso políticas de financiamento climático e tecnologias limpas e o papel do sector privado, dos investidores e das instituições financeiras na aceleração da transição climática.
“Adaptação às Mudanças Climáticas e Resiliência Costeira – Desafios e oportunidades da gestão sustentável dos recursos marinhos em países insulares” constituiu o ponto central do segundo painel. A apresentação enquadrou as áreas marinhas protegidas da África Ocidental (com práticas de gestão que promovem a sustentabilidade dos recursos marinhos) e estratégias para aumentar a resiliência dos ecossistemas costeiros e das comunidades dependentes dos recursos marinhos, considerando projeções de mudanças climáticas e potenciais impactos.