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“Cultura Cabo Verde/UK”: Associação usa cultura para afugentar jovens emigrantes da criminalidade no Reino Unido

A associação “Cultura Cabo Verde/UK”, que promove o intercâmbio na comunidade cabo-verdiana no Reino Unido, tem desencadeado uma luta para afugentar os jovens do mundo do crime em Londres, onde o índice de delinquência juvenil é bastante elevado entre os afrodescendentes. Esta informação é prestada pela presidente e co-fundadora desta instituição, Alda Lopes, numa entrevista ao Mindelinsite, na qual revela que uma das armas utilizadas é a cultura cabo-verdiana, através de transmissão de conhecimentos sobre a história, a música, dança e a gastronomia do país de origem. Esta entidade presta apoios em outras acções como na busca do emprego, regularização e legalização de residências dos compatriotas. 

Por: João A. do Rosário

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Mindelinsite – Quais são as atividades principais que têm desenvolvido na comunidade radicada em Londres? 

Alda Lopes – O nosso principal trabalho incide nas atividades do “Saturday Club”, ou “Clube dos Sábados”, em que reunimos as crianças e jovens co. o intuito de aprenderem a história e a cultura de Cabo Verde e de África no geral. Funciona como método de prevenção contra a criminalidade e a delinquência juvenil. Isto tudo justifica-se pelo facto de o índice de criminalidade entre os jovens no Reino Unido, particularmente em Londres, ser extremamente elevado entre os afrodescendentes. Mantendo as crianças e jovens envolvidos em atividades vai ajudar na prevenção da entrada dos mesmos no mundo do crime. 

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“O grupo ajudou já 97 cabo-verdianos na aquisição de nacionalidade europeia e de residência permanente pós-Brexit.”

Organizamos igualmente todos os primeiros sábados de cada mês um evento que denominamos por “Casa Cabo Verde” no qual realizamos um convívio com gastronomia nacional e ainda realizamos ”workshops” para transmitirmos informações sobre a obtenção de residência no Reino Unido. Ajudamos também na elaboração de currículos e apresentamos outros temas relacionados com a lei da proteção da criança, contra a discriminação e dos direitos do trabalhador. O grupo ajudou já 97 cabo-verdianos na aquisição de nacionalidade europeia e da residência permanente pós-Brexit. Também temos organizado festas por ocasião do dia da independência em que recebemos à volta de 300 a 370 pessoas. Entre outros projectos que já participamos constam algumas excursões para Luxemburgo para o festival “Revelação Vozes da Diáspora” e na Holanda no festival “Kola Sao Djon”.

 MI – Qual tem sido o vosso ponto de contacto em termos culturais com Cabo Verde? 

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Alda Lopes

AL – Infelizmente não temos tido nenhum contacto com produtores culturais em Cabo Verde. Já tentamos aproximarmo-nos do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas sem muito sucesso. O contacto com Cabo Verde foi no início da nossa caminhada em que convidamos a antiga Ministra das comunidades, Fernanda Fernandes. Também temos conversado com alguns membros da embaixada em Bruxelas. 

MI – Quais são os vossos próximos projetos que merecem ser realçados para os próximos tempos? 

AL – O nosso próximo projecto será em parceria com a Associação Acarinhar em Cabo Verde que ajuda crianças e jovens com paralisia cerebral denominado “O amor não tem fronteiras”. Está agendado para o mês de Abril de 2021 e tem por objectivo “criar consciência” nas nossas crianças, jovens e adultos sobre a realidade cabo-verdiana. Os pontos positivos e menos positivos e como poderão contribuir para melhorar o futuro das crianças desfavorecidas. Esta nossa acção será implementada em Cabo Verde. 

MI – Em relação à comunidade cabo-verdiana na Inglaterra como é que ela esta integrada socialmente naquele país? 

AL – Esta imigração é recente na Inglaterra e relativamente jovem sendo que a maioria re-imigrou de Portugal. Uma percentagem considerável tem um curso universitário e vem à procura de oportunidades. Os membros da comunidade de que tenho tido contacto querem sempre melhorar em termos não só de emprego, como também ambicionam estudar para que possam desenvolver melhores competências.

 MI – Enquanto líder associativo podia nos dizer em que atividades os cabo-verdianos aderem mais naquele país? 

AL – Varia. Quando chegam ao país trabalham nos chamados “low skill jobs” limpezas, hotelaria, restauração… Mas também tenho tido contacto com muitos cabo-verdianos que trabalham em áreas bastante afluentes ou chamados “high skill jobs” como professores, consultores bancários, enfermeiros, médicos, assistentes sociais, entre outros… 

Efeitos da Covid na comunidade cabo-verdiana

MI – Com esta problemática da pandemia da Covid-19, muitas sociedades foram severamente afetadas em termos sociais e económicos. Como é que a comunidade foi atingida no Reino Unido? 

AL – Sendo a comunidade relativamente jovem, não tem sido muito afectada em termos de contaminados. Tenho conhecimento de apenas três casos dentro da nossa comunidade. Em termos sócio-económicos com certeza a comunidade está a ser afectada visto que muitos dos seus membros trabalham na indústria e na restauração, os sectores mais atingidos pela pandemia. No entanto devo dizer que a maioria pode aceder a ajuda que o Estado oferece como subsídios durante este período. Neste momento o sistema de subsídios já beneficia todos os europeus que tenham adquirido a residência permanente antes da pandemia, os mesmos não precisam passar por um teste que se denomina por “Habitual Resident Test (HRT) e recebem a ajuda muito rapidamente. É muito importante que os membros da comunidade cabo-verdiana que ainda não adquiriram a sua residência a façam o mais depressa possível para que não se tornem ilegais no país.

MI – Quando falamos da associação “Cultura Cabo Verde/UK” de quem e do que é que estamos a falar?

AL –  “Cultura Cabo Verde/UK” iniciou-se a 16 de Junho 2012 com a realização do seu primeiro evento cultural designado por “Revelação Vozes da Diáspora”. O grupo é composto na sua maioria por pais cabo-verdianos ou de origem cabo-verdiana residentes em Londres, Reino Unido. O coração do grupo são as crianças e jovens, que se dedicam a aprofundar o conhecimento da sua origem e da sua herança cultural, através da música, dança e representação (teatro). Os objectivos que nos norteiam são a promoção da nossa cultura no seio da comunidade imigrante no Reino Unido, bem como dar a conhecer as suas origens, a sua diversidade e herança cultural, o desenvolvimento e a sensibilização para um dos factores negativos mais comuns da imigração que é o sentimento de isolamento e ausência de identidade cultural e, sobretudo, nas gerações mais jovens. O grupo pretende funcionar como uma família extensiva para os seus membros, importando e reproduzindo os valores, os costumes e as tradições do povo e do arquipélago, recreando as nossas ilhas no país onde vivemos. Consta ainda dos nossos objectivos, ajudar a integração dos cabo-verdianos como povo imigrante no Reino Unido, enquanto país de acolhimento, como uma base sólida para o sucesso dos mesmos na sua vida social, estudantil ou profissional.

“É muito importante que os membros da comunidade cabo-verdiana que ainda não adquiriram a sua residência a façam o mais depressa possível para que não se tornem ilegais no país.”

Pretendemos igualmente dar a conhecer e respeitar os hábitos e costumes do país em que vivemos pela sua importância no desenvolvimento pessoal de quem imigra e fazemos com que as futuras gerações conheçam as suas origens, a sua história e a sua cultura e que saibam preserva-las. Queremos envolver a comunidade em geral e os jovens em especial em actividades culturais como uma forma positiva de preenchimento de tempos livres e também como forma de prevenção contra a criminalidade e a descriminação.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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