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Covid-19: Electra suspende distribuição de facturas e cortes por não pagamento do fornecimento de água e energia

A Electra suspendeu a distribuição de facturas para os consumidores que recebem a conta em casa e os cortes por não pagamento do consumo de electricidade e água até o dia 17 de abril, data do término do Estado de Emergência. Para os consumidores cadastrados que recebem as facturas por email, tudo continua como dantes. O presidente do Conselho de Administração da Electra apela, entretanto, as pessoas para utilizarem os canais alternativos para fazerem os pagamentos – homebanking ou transferências bancárias – por forma a aliviar a tesouraria da empresa, que paga mais de 100 mil contos semanais ou 400 mil contos mensais em compras às petrolíferas. 

Alcindo Mota explica que, neste momento, a Electra está a operar de forma limitada, ou seja, faz apenas reparações de avarias, ligações que se mostrarem ser muito urgentes, manutenção de rede e mantém em activo o pessoal afecto à produção de água e electricidade. “Obviamente que o sector da produção continua a funcionar normalmente. Temos operadores que trabalham 24h por dia para garantirem a produção de energia e água e a sua gestão, e também equipas de manutenção no terreno”, declara o PCA. Já a distribuição das facturas está suspensa. Apenas os consumidores cadastrados continuam a receber as suas facturas sem problema. 

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Para os clientes que queiram aderir ao serviço online, este responsável convida-os a contactar os call center da Electra ou as lojas nos municípios, que funcionam de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h30. Estas lojas, segundo Mota, continuam a funcionar para atender os serviços pré-pagos, mas também porque são através delas que muitos consumidores comunicam as avarias. “As pessoas que não estão cadastradas e, portanto, não recebem facturas por email, vamos aguardar até ser possível levá-las às suas casas. Durante este tempo, os cortes por falta de pagamento ficam suspensos. Depois do dia 17 de abril iremos reavaliar a situação”, assegura.

100 mil contos semanais em combustíveis 

Conforme Alcindo Mota, só para garantir a produção de electricidade e água, a Electra tem custos fixos juntos das petrolíferas superiores a 100 mil contos por semana ou 400 mil contos mensais, para compra de combustíveis, fuel 380 e gasóleo para as centrais poderem operar. Por isso, o PCA apela as pessoas para liquidarem as suas contas por transferências bancárias e, posteriormente, enviarem o talão de depósito para a empresa.

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“Este é também um exercício de cidadania porque sabemos que neste momento não têm facturas. Estamos num período de restrição, a nossa equipa está a tentar perceber como podemos contornar a questão da distribuição das facturas para o segmento doméstico”, pontua, realçando que a maior parte das empresas tem recebido as facturas por email. As que não estão cadastradas estão a solicitar este serviço por forma a honrarem os seus compromissos.  

Este não se mostra preocupado com o aumento do consumo doméstico pelo facto de mais pessoas estarem em casas. Segundo Alcindo Mota, esta é uma questão a relativar por ilhas porquanto, por exemplo no caso do Sal, foi recentemente inaugurada uma dessalinizadora com capacidade para produzir 10 mil m3 de água por dia. No entanto, com o encerramento da maior parte dos resorts, a produção e o consumo de agua reduziu substancialmente. Em relação à electricidade, a maior demanda é das empresas e instituições, que estão paradas.

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“Vamos ter alguma migração para o consumo doméstico, mas a capacidade instalada nas casas é de longe inferior à das empresas. Se as pessoas estão nas empresas, todos os gabinetes têm ar condicionado, o que não acontece nas casas. É por isso que temos de relativizar a questão do aumento do consumo, até para termos uma percepção clara dessa demanda. O que quero dizer é que, no fundo, não necessariamente a demanda vai aumentar com mais pessoas em casa porque os segmentos relevantes vão reduzir o consumo.”

Consumo eficiente

Mesmo assim, o PCA apela às pessoas para serem eficientes no consumo por forma a permitir à Electra gerir da melhor forma a sua produção e as necessidades de distribuição. Com isso, acredita Mota, o sistema não fica sobrecarregado e, principalmente, os consumidores não oneram as suas contas. “É facto que, quando estamos em casa, consumimos mais do que quando saímos de manhã e só regressamos à noite”, admite. Questionado se, à semelhança do que acontece em vários países, a empresa não pondera atribuir algum “bônus” aos consumidores durante o Estado de Emergência, este limita-se a dizer que Cabo Verde tem muitas fragilidades e a Electra também. 

“A Electra tem perdas, que não se vê na Europa. É isso que permite ter uma almofada para, em períodos de crise, atribuir bônus aos consumidores. As nossas perdas, a nível nacional, chegam a 25% da nossa produção, que não é facturada. Depois, mesmo dentro do volume facturado, há muita gente que não paga. Isso cria uma enorme pressão sobre o sistema que permite-nos fazer este equilíbrio e continuar a produzir sem perturbação.” 

De acordo com Alcindo Mota, a maior parte destas perdas são comerciais e resultam de fraudes, pelo que, mais uma vez, apela aos consumidores para, além de fazerem um consumo eficiente, evitarem defraudar a Electra. Até porque, diz, são estas ligações fraudulentas que criam perturbações no sistema, que causam blackouts e cortes no fornecimento de água e energia.

“Sabemos que neste momento as pessoas estão mais tempo em casa e , por isso, consomem mais porque a tendência é abrir com frequência a porta do frigorifico. Por vezes não fechamos a porta devidamente, outras vezes a borracha está deteriorada, o que provoca perdas”, frisa esse gestor, lembrando que tudo isso onera a conta do consumidor e aumenta a pressão sobre o sistema porque exige um aumento da produção para responder a demanda.

Constança de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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2 Comentários

  1. Deve haver algum engano nos números, a electra não pode gastar 100 contos semanais em combustíveis por duas razões básicas: as centrais de maior potência funcionam a fuel pesado que é mais barato do que o gasóleo, os combustíveis tem baixado de preço nos últimos meses. A ser verdade que a electra gasta esse valor, é importante que se faça uma auditoria para ver a eficiência e eficácia na gestão dos combustíveis e funcionamento das centrais.

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