Comissão eleitoral lamenta cancelamento à última hora do escrutínio para o Primeiro-secretário do PAICV em Portugal

A situação, diz nota enviada pela comissão eleitoral, acabou por representar um “momento sensível e constrangedor” para todos os militantes do PAICV em Portugal, bem como para as instituições públicas e entidades parceiras que colaboraram com empenho na organização logística e na produção dos materiais.
O PAICV está a viver um momento de tensão interna devido a suspensão à última hora da eleição do Primeiro-secretário do partido em Portugal. O escrutínio estava marcado para 20 de julho, mas a comissão eleitoral foi informada à última hora da medida tomada pelo Conselho Nacional de Jurisdição do PAICV, a pedido de um dos três candidatos perfilados, cujo nome não foi possível ainda apurar. Conforme soube o Mindelinsite, tudo estava preparado, com a reserva de uma sala na Universidade Lusófona em Lisboa, mas a ordem chegou por volta das 22 horas de sexta-feira, sem dar tempo à comissão eleitoral para reagir.
“Lamentavelmente, essa deliberação colocou-nos, de forma abrupta e injusta, à margem de qualquer questão futura relacionada com o processo, o que consideramos desproporcional e desnecessário”, diz a comissão eleitoral em nota de esclarecimento remetida à redação do Mindelinsite. Segundo este órgão, a comunicação relativa ao cancelamento das eleições foi enviada já noite, o que não permitiu cancelar a tempo o espaço previamente reservado para a realização do pleito, que iria decorrer numa sala da Universidade Lusófona, em Lisboa.
A situação, diz a nota, acabou por representar um “momento sensível e constrangedor” para todos os militantes do PAICV em Portugal, bem como para as instituições públicas e entidades parceiras que colaboraram com empenho na organização logística e na produção dos materiais. O episódio, acrescenta o comunicado de imprensa, veio ainda reforçar a urgência de o partido repensar a organização das suas estruturas na diáspora europeia. Relembra que países como Portugal, França, Holanda, Luxemburgo, Itália, Suíça, Espanha, Alemanha, Bélgica e Reino Unido contam hoje com órgãos eleitos e ativos.
“Faz todo sentido que se avance para a constituição de um órgão regional da Europa, bem como da sua Comissão de Fiscalização e Jurisdição (CNFJ), como forma de garantir maior autonomia, coordenação e representatividade”, defende a comissão eleitoral, que aproveita o momento para apelar a que todos os diferendos sejam resolvidos no quadro do diálogo institucional e da maturidade política. Salienta que o recurso aos tribunais não deve ser visto como alternativa, mas sim como último passo, a bem da estabilidade no PAICV.
Apanhada de surpresa pela determinação do CNJ, a comissão, por ter ficado sem tempo para cancelar o aluguer do espaço da votação, acabou por enviar membros ao local no dia 20 de julho para acolherem as pessoas que não estavam a par do cancelamento da eleição e prestar-lhes os devidos esclarecimentos.
A escolha do Primeiro-secretário do PAICV em Portugal estava inicialmente agendada para 15 de junho. Devido aos preparativos para o Congresso, a data foi repassada para 20 de julho. À última hora, o escrutínio foi suspenso por decisão do Conselho Nacional de Jurisdição, a partir da cidade da Praia. Estavam perfilados os candidatos Carlos Sena Júnior, Salomão Lopes e Paulino Delgado.