Cientista cabo-verdiano descobre métodos inovadores para pesquisa de parasitas em humanos e animais
Maximiano Fernandes, professor da Universidade Jean Piaget e investigador na empresa Bioanalitica, anuncia a descoberta de vários métodos inovadores para a pesquisa de parasitas tanto em humanos como em animais. Em entrevista ao Mindelinsite, este jovem cientista diz acreditar que esta descoberta vai atrair a atenção de laboratórios internacionais para Cabo Verde.
De acordo com este entrevistado, a descoberta destes métodos de investigação resulta de um trabalho realizado pelo grupo Bioanalítica Internacional, liderado si e por Evandro Carvalho. “O método, denominado Parasimax Multicolor e Parasimax Concentration Staining Capilary (PCSC), mostrou uma eficacia superior aos métodos desenvolvidos até a atualidade a nível mundial, superando inclusive os classifica de Kato-Katz, Willis e outros”, revela.
Questionado sobre as vantagens deste método, este cientista explica que permite um diagnóstico em segundos. Por isso, está a atrair a atenção de pesquisadores de países como a Índia, o Brasil, Peru, Argentina, Alemanha, Singapura, Nigéria, de entre outros. “Na nossa equipa, que foi criada durante a pandemia da Covid-19, temos investigadores de Cabo Verde, mas também um professor da Coreia do Sul, tendo em conta que estudei na China. Ainda , de Angola, Etiópia, da América Latina e da Europa.”
Em termos concretos, afirma, o grupo está a anunciar duas descobertas: novos métodos de diagnóstico de anemia falciforme e de deteção de parasitas em animais e pessoas. “Relativamente a anemia falciforme, trata-se de um tipo de anemia genético, muitas vezes desconhecida pelos doentes, mas que pode causar morte de pessoas subitamente. Em Cabo Verde, temos a genética, mas nunca houve uma grande preocupação porque se trata de um gene originário da África e nós temos a tendencia ou acreditamos que somos mais europeus, ” detalha.
Hoje, congratula, o grupo produz os seus próprios reagentes que lhes permitem fazer o diagnóstico no laboratório. “Atuamos apenas na área do diagnóstico, ou seja, fazemos a deteção precoce da doença. Se conseguirmos abarcar um número maior de pessoas maior, acredito que conseguiremos evitar que mais pessoas nasçam com esta predisposição genética”, perspectiva Maximiano, que descarta ainda, pelo menos por agora, a divulgação do estudo lá fora.
“Enquanto estudante na China, publiquei artigos na Inglaterra e nos Estados Unidos. Mas este tipo de descoberta não pode ser publicada antes do registo, por forma a salvaguardar os direitos autorais. Já fizemos o registo em Cabo Verde, no Instituto de Gestão da Qualidade e da Propriedade Intelectual (IGQPI). Mas temos de ter cuidado na sua divulgação porque, podemos conseguir ter algum reconhecimento internacional, mas outros países e investigadores podem apropriar-se da nossa ideia”.
A ideia, diz, pelo menos por agora, é atrair olhares de fora para dentro de Cabo Verde. Maximiano mostra-se confiante de que a descoberta deste grupo pode abrir perspectiva de emprego para jovens investigadores no país e, a partir do arquipélago, pode-se produzir reagentes, por exemplo, e distribuir para fora. Quanto ao diagnostico de parasitas em humanos e animais, este cientista realça que as doenças parasitarias matam mais de 200 mil pessoas no mundo por ano.
“Não temos dados concretos sobre a situação em Cabo Verde porque as doenças parasitarias são diagnosticadas junto com as infecciosas. Mas, pelo estudo que fizemos na população, sobretudo em crianças, percebemos que a taxa de infestado de parasitas é muito grande, preocupante mesmo”, refere, embora sublinha que, o grupo vai focar a sua atenção a partir de agora na deteção do ténia, parasita que é encontrada na carne de porco.
“Percebemos que a Associação Zé Luís Solidário tem enviado muitas pessoas para fazer tratamento no Senegal porque foram encontrados com este parasita no cérebro. O ténia é um parasita que causa muita incapacidade. Esperamos, com a nossa metodologia, fazer a sua deteção mais rápido do que os métodos existentes”, afirma, citando como exemplo o método utilizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que data de 1920. “Acredito que o nosso método é mais evoluído do que este. Temos provas e experimentos para testar isso.“
Maximiano Fernandes, refira-se, é formado em Tecnologia e Ciência da Alimentação, pelo departamento de Nanotecnologia da Jiangnan University na China. Trabalhou como investigador do Ministério da Agricultura e Ambiente e do Instituo Nacional de Saúde Pública. No sector privado, está na Bioanalítica e, deste 2016, estuda métodos de diagnósticos da Anemia Falciforme e, mais recentemente, das doenças parasitarias que, por ano, matam milhares de pessoas. Integra um grupo de investigação que, de acordo com as suas palavras, procura parceiros para financiar e divulgar o seu trabalho lá fora.