Cabo Verde nega participar na cimeira Rússia/África por causa da invasão da Ucrânia pelo exército russo
O Estado de Cabo Verde não vai participar na segunda cimeira Rússia/África que acontece hoje e amanhã em São Petersburgo por discordar da invasão da Ucrânia pelos militares russos, conforme noticia a Inforpress. Tanto o Presidente da República, José Maria Neves, quanto o Chefe do Executivo, Ulisses Correia e Silva, confirmaram essa posição no contacto com a imprensa na cidade da Praia.
José Maria Neves afirmou em Santa Catarina que Cabo Verde estará ausente desse encontro em sinal de protesto pela guerra instalada na Europa desde fevereiro de 2022. O Chefe de Estado justifica que Cabo Verde é um país que defende a paz e a resolução dos conflitos na mesa da negociação. Na perspectiva do PR, a guerra não faz sentido, o caminho a seguir é o do diálogo. E lembrou que a Cidade da Praia condenou desde o primeiro instante a invasão perpetrada pela Rússia, por defender a soberania dos Estados e a integridade territorial.
O posicionamento de Ulisses Correia e Silva vai na mesma sintonia, tendo o Chefe do Governo confirmado ontem que Cabo Verde estará ausente nessa cimeira, que é vista como uma plataforma para Vladimir Putin sondar os países africanos no contexto da guerra com Ucrânia. Ulisses C. e Silva acentuou que isso advém do facto de Cabo Verde condenar a invasão do território ucraniano pelo exército russo.
Em declaração à imprensa, o Primeiro-ministro enfatizou que Cabo Verde fez a sua escolha e que não vai participar nessa magna reunião, que contará com a presença do presidente russo. O Chefe do Executivo assegura que essa medida é coerente com a postura do Palácio da Várzea, que condenou desde a primeira hora a atitude da Rússia junto das Nações Unidas. “Até esta guerra terminar não teremos nenhuma ação que possa ser considerada como apoio à invasão.”
O evento terá lugar em São Petersburgo, na Rússia, na quinta e sexta-feira, e segue-se à primeira cimeira Rússia-África de 2019. Este encontro representa uma importante plataforma de intercâmbio e faz parte dos esforços do Kremlin para fortalecer as relações com os países africanos.
No início deste mês, segundo a RFI, o diplomata russo Alexander Polyakov afirmou que 49 delegações africanas confirmaram a sua participação, cerca de metade das quais serão representadas pelos seus chefes de Estado ou de Governo. O presidente Vladimir Putin estará presente e espera manter conversações individuais com os dirigentes africanos, centradas em temas como o comércio, a segurança, o comércio de armas e o abastecimento de cereais.