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Cabo Verde evoca “coerência” para justificar nova abstenção ao cessar fogo Israel-Hamas 

O Governo voltou a abster-se na votação da nova resolução sobre o conflito Israel-Hamas, apresentada por Egipto, em nome de Grupo Árabe, no quadro da décima sessão de emergência da Assembleia-Geral da ONU, retomada a pedido de alguns Estados-membros após a resolução proposta no Conselho de Segurança não ter sido aprovada. A proposta, que exige um cessar-fogo imediato, foi aprovada com larga maioria: 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções. 

De acordo com um comunicado emitido pelo Governo, este afirma que, por uma questão de coerência relativa à sua posição inicial, Cabo Verde votou favoravelmente às propostas de emenda apresentadas pelos EUA e pela Áustria, que traduziria num maior equilíbrio das disposições, mas que não foram integradas. Tendo apoiado essas emendas, e havendo necessidade de prevalecer a sua posição, entendeu votar abstenção ao texto proposto pelos países árabes. 

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“É importante que sejam preservados mecanismos de diálogo para a paz, que a ajuda humanitária neste contexto seja reforçada e sejam observados os princípios do direito internacional humanitário, no estrito respeito pela Carta das Nações Unidas e das Convenções de Genebra”, lê-se na nota, em que o governo aproveita para dizer que Cabo Verde condena veemente toda e qualquer forma de terrorismo e ou extremismo violento e reconhece o direito do Estado de Israel de viver em paz e segurança, bem como o direito que lhe assiste de se defender, observando o Direito Internacional Humanitário.

Defende, no entanto, que Cabo Verde reconhece o direito do povo palestiniano de constituição do seu Estado, nos termos das pertinentes resoluções das Nações Unidas, e encoraja todo o esforço visando este objetivo através de negociações. “Dois Estados a viver em paz e segurança, lado a lado, esta é a solução que o Governo defende como sendo uma solução sustentável para o conflito israelo-palestiniano”, pontua, deixando claro que sempre fez e continua a fazer uma clara distinção entre movimentos extremistas que defendem a destruição de outros Estados e o povo palestiniano, que deve merecer todo o apoio da comunidade internacional, sobretudo no contexto da atual crise.

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O projecto de resolução apresentado pelo Egito foi copatrocinado por cerca de 80 Estados-membros das Nações Unidas e obteve 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções. Cabo Verde, recorda-se, já tinha votado abstenção ao texto adoptado pela Assembleia-Geral em outubro, que contou com apoio de 120 países que apelavam a uma trégua humanitária imediata, duradoura e sustentada. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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