Augusto Neves assegura “gestão baseada na transparência” e desafia “justiceiros” a recorrerem aos tribunais
O presidente Augusto Neves garantiu hoje que a sua gestão na autarquia de S. Vicente tem se baseado na “transparência e honestidade” e assegurou que não teme enfrentar a justiça, caso o relatório da inspeção às contas da CMSV for encaminhado a tribunal. O edil fez esta declaração esta manhã durante a segunda sessão extraordinária da Assembleia Municipal, cujo ponto único foi o debate e apreciação do relatório de inspeção administrativa, financeira e patrimonial ao Município de São Vicente.
Neves frisou que aceita analisar algumas recomendações feitas no documento, mas garante não haver ilegalidades graves na sua gestão como alegam os seus adversários políticos. “Não entrei na política para brincar e nem para fugir. Irei aos tribunais, irei responder sem nenhum problema. Não fujo às minhas responsabilidades“, sublinhou o autarca mindelense, que desafiou os “grandes justiceiros” a recorrerem aos tribunais se acharem necessário.
Em causa estão dívidas da CMSV, a obra do polidesportivo da Zona Norte – em construção há vários anos -, pagamentos da edilidade ao INPS, aquisição de veículos, concursos públicos, entre outros pontos trazidos à tona no debate. O presidente reeleito apoiou-se na confiança depositada pelos munícipes nas urnas para contra-atacar as críticas e garante que o município cumpriu os planos na legalidade e com uma taxa de execução “bastante satisfatória”. Mas pediu para a CMSV não ser comparada a uma empresa. Na mesma linha, reforçou a confiança nos seus trabalhadores, garantindo que tem consigo especialistas com mais de vinte anos de experiência.
Neves defendeu-se de situações apontadas no relatório e atribuiu algumas responsabilidades à instabilidade do sistema digital do Nosi na apresentação das contas. Entretanto, salienta que “quatro dias de inspecção” é pouco para passar a “pente fino” a sua gestão.
Porém, a oposição discordou da intervenção de Neves e reagiu com duras críticas. Na avaliação de Leila Lima, da bancada do PAICV, a estrutura da Câmara Municipal é o principal problema exposto pelo relatório. Na mesma linha avança Albertino Gonçalves, eleito do Movimento Más Soncente, que acusa o autarca de violar o princípio de transparência que, na sua ótica, é imprescindível para uma boa governação.
Para a UCID, partido que mais denunciou as alegadas irregularidades na administração da CMSV, o relatório comprova que há uma gestão “sem rigor, ineficiente e ineficaz” por parte de Augusto Neves. Jorge Fonseca, líder da bancada dos democratas-cristãos, exemplifica com a construção do polivalente da Zona Norte, para ele um “elefante branco” que consome imenso dinheiro do bolso público, uma obra que nunca mais termina. Situação que, diz, vem contribuindo para o aumento das dívidas da autarquia junto da banca.
Já Flávio Lima, líder da bancada do MPD, respondeu aos colegas da assembleia municipal e acusou-os de acrescentar palavras ao relatório. “Não há graves irregularidades como sugere a oposição e se houvesse era enviado diretamente ao Ministério Público”, garante Lima, que pediu ponderação nos discursos dos colegas.
A sessão continua a decorrer esta tarde, prevendo-se para este período a avaliação pelos eleitos do relatório de controlo da gestão da Câmara Municipal de São Vicente.
Sidneia Newton