António Monteiro admite apoiar eventual candidatura de Amadeu Oliveira às Presidências de 2021
A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) pode vir a apoiar uma eventual candidatura do advogado Amadeu Oliveira ao cargo de Presidente da República, caso este manifestar essa vontade em participar nas eleições Presidenciais agendadas para 17 de Outubro deste ano. Esta possibilidade foi deixada em aberto pelo presidente daquele partido da oposição numa conversa em “live” promovido pelo emigrante cabo-verdiano na Holanda, na plataforma digital intitulada “Adilson Time”. António Monteiro manifestou também vontade dos democratas-cristãos de governar o país na certeza de que faria “muito melhor” do que tem sido feito.
Questionado sobre a possibilidade de uma provável candidatura de Oliveira vir a concretizar-se, Monteiro fez saber que está é a “vontade de muita gente” acrescentando, no entanto, tratar-se de uma decisão que depende apenas do advogado. “É cedo ainda para dizer isso, mas penso que, pela defesa que o Amadeu Oliveira faz da Justiça e pela acutilância que coloca nesta causa, é um caso muito sério para que possa avançar”, defendeu.
Segundo este dirigente partidário, caso isso vier a acontecer, a UCID irá debruçar-se sobre um possível apoio às Presidências de Oliveira com muito carinho. Monteiro deixa claro que o seu envolvimento no caso “Amadeu Oliveira” prende-se com o facto de o único crime cometido por este advogado ter sido “lutar para uma melhor justiça em Cabo Verde”.
“Há dois ou mais anos que estou envolvido no caso Amadeu Oliveira. Na altura o advogado procurou a UCID no sentido de nos expor o seu ponto de vista relativamente a situação da justiça cabo-verdiana, naquilo em que ele, enquanto cidadão, advogado e jurista entende de que não está bem. Defendia ser necessário que a classe política e os governantes tomassem uma posição no sentido de melhorar o sistema”, fez saber Monteiro.
Em defesa da Justiça
Foi neste sentido que, afirmou, apareceu ao lado de Amadeu Oliveira, no entendimento de estar perante uma situação da defesa da justiça cabo-verdiana. Monteiro foi perentório em dizer que a Justiça, no seu entender enquanto político e cidadão, “é uma causa” e precisa ser dotada de meios para poder melhorar o seu desempenho, realçando ser esta uma área fulcral para o desenvolvimento harmonioso do país.
“Não tenho medo dos meus adversários apontarem o dedo a minha pessoa e a UCID, acusando-nos de estar a politizar a justiça porque não corresponde a verdade” disse Monteiro afirmando que está simplesmente a trabalhar no sentido de ajudar a melhorar a justiça em Cabo Verde.
O líder da terceira força política no país defende que a vontade da UCID é no sentido da clarificação do que está em causa e acredita que, para que tal aconteça, é preciso que a justiça seja transparente para que não fique qualquer dúvida a pairar no ar. Considerou ainda que o caso “Amadeu Oliveira” é “fundamental” para Cabo Verde. “Temos um trunfo muito forte, que é a nossa justiça. Não estou a politizar a justiça. Ando a lutar para que Cabo Verde tenha uma melhor justiça. E é uma luta que venho a travar desde há cerca de 15 anos, altura em que entrei para o parlamento”.
Averiguar e punir
Monteiro adverte que, caso Amadeu Oliveira estiver a mentir, a manipular ou a enganar as pessoas, este tem de ser condenado. Porém, se tiver alguma verdade nas sus afirmações, será necessário a instauração de processos de averiguações para atestar a verdade e punir os prevaricadores.
Até lá, vai dizendo que as acusações que vem sendo feitas por Amadeu Oliveira sobre o sistema judiciário cabo-verdiano são “gravíssimas”, daí não poder aceitar de ânimo leve e tão-pouco pode aceitar que a justiça seja criticada da forma como está sem que haja consequências.
“Se Amadeu está a fazer estas acusações, então cabe a justiça clarificar” defende o líder da UCID, defendendo que se deve clarificar e ter uma postura elevada no sentido de dar a tranquilidade que população cabo-verdiana está a procura para esclarecer as dúvidas sob pena da descredibilização definitiva da Justiça em Cabo Verde.
João Augusto do Rosário