AJOC envia mensagem de reconhecimento e solidariedade aos profissionais de comunicação social em Cabo Verde

A Associação Sindical dos Jornalistas de Cabo Verde (AJOC) enviou uma mensagem de reconhecimento, solidariedade e renovado compromisso com a defesa inegociável da liberdade de imprensa e da dignidade da profissão aos jornalistas e técnicos, no término de mais um ano e início de um novo ciclo. Afirma que 2025 foi exigente para o jornalismo nacional, mas a classe demonstrou de forma inequívoca, coragem, rigor e elevado sentido de missão.
“Encerramos o ano preocupados e tristes perante decisões administrativas recentes tornadas públicas no sei da comunicação pública, que resultaram na aplicação de sanções disciplinares aos responsáveis editorais”, refere em comunicado remetido à redação do Mindelinsite, frisando que estas decisões, tomadas na sequência de deliberações que confirmaram interferências nos conteúdos editoriais, configuram represália e representam um ataque à liberdade de imprensa e à independência editorial.
Defende que não se está perante meros conflitos de gestão, mas de ingerências políticas e administrativas, que ferem a lei, afrontam a Constituição da República e colocam em causa os valores da democracia. Por isso, e como já fez saber, condena, veementemente estes atos, e continua a exigir a intervenção das entidades competentes e expressa a sua total solidariedade para com todos os profissionais que têm sido alvo de pressões, perseguições ou tentativas de silenciamento.”
Alega ainda que a hostilidade contra a classe jornalistas não para de crescer, pelo que repudia as declarações públicas que sugerem ou legitimam o recurso à violência como forma de condicionar o exercício da profissão. “Trata-se de posições graves, irresponsáveis e absolutamente incompatíveis com os princípios democráticos e com o Estado de Direito”, assegura, indicando que não há espaço para a normalização da violência, muito menos quando, em alguns casos, esta emana dos representantes eleitos.
Entende que as instituições democráticas, em particular os órgãos de soberania, devem demarcar-se de forma deste tipo de discurso e reafirma respeito pela imprensa cabo-verdiana que, do seu ponto de vista, tem desempenhado um papel determinante na construção da Nação e na consolidação da democracia. “É claro e transparente que os jornalistas e todos os demais profissionais de Comunicação em Cabo Verde exercem a sua missão com profissionalismo e responsabilidade, sendo reconhecidos pela sociedade.”
Diz que nenhuma intimidação, verbal ou física, impedirá os jornalistas de cumprirem o seu dever constitucional de informar, questionar e fiscalizar os poderes instituídos. E garante que, ao longo deste ano, a AJOC esteve na linha da frente na defesa dos jornalistas alvos de ataques verbais, campanhas de ódio e processos judiciais seletivos e desproporcionais, que configuram uma investida preocupante contra a liberdade de imprensa e o direito à informação.
Reconhece, por outro lado, o trabalho exemplar desenvolvido por jornalistas, repórteres de imagem e fotojornalistas que, em contexto de grande adversidade, asseguraram a cobertura informativa de situações complexas, mesmo com recursos limitados, demonstrando profissionalismo, resiliência e elevado sentido de serviço público.
“Vivemos também um tempo de profundas transformações tecnológicas. A inteligência artificial pode constituir uma ferramenta de apoio ao trabalho jornalístico, mas alerta para os riscos do seu uso excessivo e acrílico. A produção de conteúdos mecanizados, desprovidos de profundidade, contexto e sensibilidade humana, empobrece o jornalismo e fragiliza a sua credibilidade”, acrescenta, frisando que o rigor, a investigação, a análise crítica e a responsabilidade editorial continuam a ser insubstituíveis.
Para o novo ano , entende que se torna mais evidente a necessidade de a classe esteja mais forte e unida em torno de objetivos comuns: defesa da liberdade de imprensa, da dignidade profissional, melhores condições de trabalho e independência editorial, que exigem coesão, participação e compromisso.
A AJOC apela aos associados para assumirem também o papel de embaixadores, incentivando outros colegas a se aproximarem, realçando que uma associação forte constrói-se com maior participação, maior representatividade e envolvimento efectivo da classe. Reafirma, por outro lado, que não faz política partidária nem se move por agendas pessoais. A sua missão é defender um jornalismo livre, independente, responsável e digno ao serviço do interesse público e da democracia cabo-verdiana.






