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Abraão Vicente “descarta” projecto do Oceanário: “Não é prioridade para São Vicente e nem para este governo”

O projecto do Oceanário do Mindelo está fora dos planos do Governo pelo menos até 2026. Abraão Vicente, confrontado pelos jornalistas no término da visita à construção do Terminal de Cruzeiros, obra considerada parte integrante e valor acrescentado ao Oceanário, alegou que não há financiamento para que este projecto saia do papel. Deixou preto no branco que este investimento, que deveria ser feito na réplica da Torre de Belém, não é prioridade para o Governo em relação à ilha de S. Vicente. Já o ex-ministro António Jorge Delgado, um dos muitos rostos a dar a cara por este projecto quando foi lançado, recusou tecer qualquer comentário às afirmações do governante.

Considerado crucial para o “renascimento da baixa da cidade do Mindelo”, o projecto foi descartado pelo ministro do Mar alegadamente devido a falta de recursos. Abraão Vicente elegeu como prioridades, neste momento, a conclusão do Terminal de Cruzeiros, um cais de pesca, a reabilitação da Onave e do Mercado de Peixe. “O Oceanário do Mindelo não está neste momento no ‘pay plan’ de trabalho pelo menos até 2026, infelizmente pelos custos. Estamos a trabalhar, mas não há financiamento garantido para que o oceanário saia do papel. Não é algo que eu, enquanto ministro, tenha em cima da mesa. Creio que não podemos continuar a alimentar expectativas que não são concretizáveis”, afirmou. 

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Segundo o governante, o Oceanário é um projecto ambicioso, que a própria planificação urbana do Mindelo não contou. E neste momento, apesar dos estudos e de parte do financiamento estar garantido pelo Banco Mundial, não é uma prioridade nem para a cidade e nem para o governo. “Não havendo disponibilidade financeira, seria um pouco faltar às promessas. E não sei se os mindelenses estão à espera do oceanário. Muitas vezes falamos entre as elites e não perguntamos o que o povo precisa, e Mindelo precisa de um cais de pesca com qualidade, depois do terminal de cruzeiros”, sublinhou. 

www.mindelinsite.com

Orçado em 10 milhões de dólares, o projecto do Oceanário do Mindelo, da autoria do arquiteto norte-americano Peter Chemayeff, que também assina o Oceanário do Parque das Nações em Lisboa, foi apresentado pela primeira vez em Cabo Verde ainda no governo do MpD, em finais de década de 1990, quando António Jorge Delgado era ministro da Cultura. Com a entrada no poder do Governo do PAICV, liderado por José Maria Neves, a iniciativa começou a ser protelada.

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Duas décadas depois, em 2019, o Executivo de Ulisses Correia e Silva anunciava com pompa e circunstância a sua retoma numa cerimónia presidida pelo então ministro da Economia Marítima, José da Silva Gonçalves, um dos seus grandes defensores.

No ocasião, o ministro reiterou a sua importância para a ilha de São Vicente, pois representava, do seu ponto de vista, o renascimento da baixa de Mindelo, concentrada na cultura e dedicado ao mar. Chermayeff reforçava dizendo que o projecto preconizava transformar toda a área circundante da réplica da Torre de Belém num polo cultural, económico e turístico. Um lugar que, disse, seria uma celebração da essência do povo destas ilhas e que traga pessoas para vir conhecer Cabo Verde.

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O projecto, garantiu Gonçalves, foi concebido para se adequar às circunstancias do país, considerando as potencialidades do Mindelo e a sua projeção no quadro do crescimento e desenvolvimento económico do país. A expectativa era de que seria um projeto auto-sustentável, que viria promover o desenvolvimento do mercado turístico, gerar impostos e criar novos empregos. Seria, por outro lado, parte integrante e valor acrescentado a iniciativas como o Terminal de Cruzeiros de São Vicente.

Hoje, ao ser confrontado por Mindelinsite, o arquiteto António Jorge Delgado, outro entusiasta deste projecto, recusou tecer qualquer comentário ao anúncio do ministro do Mar. Para este antigo Ministro da Cultura dos governos do MpD, o sentimento é claramente de “frustração.”

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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