50 anos da libertação dos presos políticos do Campo de Concentração do Tarrafal celebrados com a presença dos Presidentes de Cabo Verde, Angola e Portugal
O cinquentenário da Libertação dos Presos Políticos do Campo de Concentração do Tarrafal será assinalado no dia 1 de maio num evento com a presença dos Chefes de Estado José Maria Neves (Cabo Verde), João Lourenço (Angola) e Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal). A cerimónia faz parte de um programa elaborado pela Presidência da República cabo-verdiana que, diz em comunicado, pretende comemorar esse marco histórico importante para cabo-verdianos, angolanos, guineenses e portugueses.
“Trata-se de um marco histórico de enorme significado e que se impõe assinalar condignamente, razão por que o Chefe de Estado, o Presidente José Maria Neves, promove um quadro de celebrações de Estado visando, precisamente, recordar a célebre jornada de 1 de Maio de 1974 e honrar o sacrifício dos que foram prisioneiros políticos no Tarrafal”, diz remetida à redação do Mindelinsite. Conforme o comunicado, um substancial programa está a ser elaborado, em articulação com órgãos de soberania, a Câmara Municipal do Tarrafal e outros parceiros.
O objectivo é render uma “justa e vibrante homenagem” a todos aqueles que doaram a sua ida e aos muitos que sofreram no campo de concentração devido as suas convicções políticas e entrega à causa da liberdade e dignidade dos povos.
Situado na localidade de Chão Bom, o Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936, com base no decreto nº 26:539 de 23 de abril. Segundo o Instituto do Património Cultural, a colónia penal recebeu os seus primeiros presos a 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.
“Em 1962 foi reaberto com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné Bissau e Cabo Verde. No total foram presas mais de 500 pessoas, sendo 340 antifascistas e 230 anticolonialistas“, revela o IPC. Acentua que as condições de sobrevivência no espaço eram duras e desumanas a ponto de ser referenciado como o “campo da morte lenta”. Salienta, aliás, que os maus tratos, o isolamento e as humilhações aos quais os presos eram ali sujeitos, conduziram muitos à morte ou deixaram sequelas psíquicas e físicas. Para além do trabalho forçado, as torturas recorrentes como a frigideira, a estátua, a tortura do sono, os espancamentos, figuravam as práticas desumanas dentro de toda uma panóplia de maus tratos. Neste contexto, salienta o IPC, o campo de Concentração do Tarrafal, instituído pelo Salazarismo, está gravado no imaginário dos portugueses, angolanos, guineenses e cabo-verdianos.