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Cabo Verde precisa de especialistas e não de oportunistas

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Por António Santos

Nem sempre o que achamos mau é necessariamente mau e, muitas vezes, não ouvimos o que queremos, mas sim o que desejamos ouvir. Da mesma forma podemos imaginar que é diante de grandes problemas, como é o caso da pandemia da Covid-19, que surgem grandes ideias e grandes soluções. Contudo, os desafios são grandes e são, nestes tempos conturbados, que surgem também alguns aproveitamentos «oportunísticos».

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Antes de entrar propriamente no tema «em tempos de crise quem tem olho é rei», gostaria de deixar claro que não tenho qualquer interesse em defender este ou aquele regime político ou partido, apenas faço uma reflexão sobre um retrato sobre a natureza humana, no seu melhor e também no seu pior. 

As crises, «é dos livros», permite o aparecimento de fortunas. Sempre foi e há-de continuar a ser assim. Casos há, sublinhe-se em abono da verdade, que elas também o sentido empreendedor. Dos verdadeiros investidores, dos que vislumbram nestas ocasiões o que maioria não consegue ver, e arriscam quando outros se encolhem. A isso chama-se sentido de oportunidade. Que nada tem a ver com oportunismo. Conceitos antagónicos. Um a merecer aplauso, o outro, condenação.

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Em Cabo Verde, neste momento assistimos, via redes sociais, a militares na reforma a disponibilizarem-se para chefiar e, consequentemente regressar ao activo, utilizando-se de algum «compadrio» para serem chamados a dirigir os destinos das FACV.

Estas situações viraram moda nos últimos anos e basta acontecer algo em Cabo Verde para aparecerem os superes militar, mesmo indo contra ao que diz o artigo 248 do Regulamento Militar, que é claro: «só os militares que se encontram na situação de reserva é que podem ser chamados à efectividade». 

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Cabo Verde, neste momento de crise precisa realmente dos militares mas não é chamando os reformados que, dada a sua idade (a maioria com mais de 60 anos), são uma comunidade de risco e também de contágio.

Cabo Verde não precisa de criar novas situações de risco, precisa sim de investidores oportunos, nacionais e estrangeiros. Dispostos a arriscar neste momento menos bom que vivemos, mas também depois quando a tempestade acalmar.

Nunca, independente das circunstâncias, precisamos dos oportunistas que apenas pretendem ser considerados «os salvadores da Pátria».

A crise pandémica veio, mais uma vez, mostrar que Cabo Verde tem défice de especialistas em várias áreas, pelo que há sempre lugar para eles e não para alguns que se intitulam especialistas em todas as matérias.

Precisamos dos especialistas que venham por bem. Sem complexos de superioridade, de que o paternalismo é uma das faces. E dispostos a ensinar o que sabem. Do que não precisamos, bem pelo contrário, é «técnicos em generalidades».

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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Um Comentário

  1. Caro António todos sabemos que o oportunismo e a padrinhagem são factores culturais dos Caboverdeanos independente dos interesses do País. Parece que já vem no nosso DNA.

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