Oito artistas distinguidos em S. Vicente com 2º Grau da Medalha de Mérito Cultural pelo Governo
Um grupo de oito artistas e fazedores da cultura da ilha de S. Vicente foi ontem homenageado pelo Governo com a atribuição da Medalha de Mérito, no âmbito do dia nacional da cultura e das comunidades. A homenagem, que decorreu no salão nobre da Câmara de S. Vicente, abrangeu Adriano “Duca” Cabral, Avelino Chantre, Constantino Cardoso, Dani Mariano, Hernani Almeida, Vicente “Tchenta” Neves, Zenaida Alfama Medina e Luís Lima.
Para a actriz Zenaida Alfama foi um privilégio ser a única mulher nessa leva contemplada com tamanha distinção, ainda mais sendo uma artista do teatro, área que enfrenta sérias dificuldades para se apresentar em todas as ilhas de Cabo Verde. “Vivemos num país ilhéu e não é fácil levarmos o nosso trabalho a todos os recantos”, reforçou essa porta-voz dos homenageados.
Em seu nome, Zenaida disse receber a medalha de mérito com elevada humildade e gratidão e enfatizou que quando entrou para a arte cénica não tinha a visão de onde queria chegar. Hoje, diz, já foi distinguida por organizações não governamentais e agora pelo Governo de Cabo Verde. “O ano 2023 foi glorioso para mim, com muitas atribuições, o prémio de mérito e agora esta medalha de mérito. Gostaria de expressar o meu sincero agradecimento à minh família, aos amigos e colegas do teatro porque o teatro não é uma actividade isolada, envolve músicos, encenadores, dramaturgos, artistas plásticos…”, disse.
Dany Mariano foi outro dos homenageados a agradecer o gesto do Executivo, que esteve representado na cerimónia pelo ministro da Cultura. O artista deu os parabéns aos colegas presentes e um obrigado especial a Abraão Vicente, “por ser o primeiro político” que o condecorou. Na sua opinião, Abraão Vicente é o governante do “saber fazer” e de maior visão cultural que Cabo Verde já teve até o momento.
Segundo o ministro da Cultura, hoje há um multiplicar de homenagens, muito por causa das redes sociais, o que, na sua perspectiva, tem estado a banalizar esse acto. No caso em concreto, a homenagem é especial porque, disse Abraão Vicente, parte do Governo cujo poder foi-lhe imbuído pelo povo. “Não há equiparação possível às homenagens prestadas em nome do povo”, enfatizou o político numa mensagem endereçada aos artistas. O ministro lembrou, entretanto, que não é o Governo que faz a cultura, mas sim os homens da arte que, disse, cujo “mandato” é algo incomparável.
Abraão Vicente enalteceu o facto de Cabo Verde ser um país onde nascem vários talentosos. Para ele, o país tem sido pequeno para tantas “colheitas” e enfatizou a importância de se reconhecer o trabalho dos artistas com percurso já feito para que possa incentivar as novas gerações.
O acto decorreu no salão nobre da CMSV, onde o edil Augusto Neves incluiu o próprio ministro da Cultura no rol dos homenageados. Para ele, essa homenagem serviu também para reconhecer o trabalho de Abraão Vicente.
Neves voltou a justificar a aposta que a Câmara que lidera tem feito na cultura, por ser o veículo de identidade do povo e pelos benefícios económicos associados aos eventos culturais. “Ainda continuamos a ver a cultura como festa, mas é a vida de uma população, a identidade, a forma como vivemos e encaramos o mundo”, considera o edil, que aproveitou o momento para agradecer o empenho dos artistas mindelenses.