Uma dieta com baixo índice glicêmico salvou a vida de Quitéria Barbosa, de 70 anos, confessa esta paciente diagnosticada com diabetes e que chegou, inclusive, a “estourar” o aparelho de medição dos níveis de açúcar, sem saber. Com valores acima dos 600 mg/dl de açúcar no sangue, em dois meses baixou para níveis normais, ou seja, entre 119/120 mg/dl. É mais um caso de “cura” das diabetes em São Vicente, com apoio do médico cabo-verdiano João Soares e de Antero Oliveira, resultado de uma entrevista publicada por este online em novembro de 2023.
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Ao Mindelinsite, Quitéria Barbosa conta que, há cerca de dois anos, foi alertada por sua médica para ter algum cuidado porque os seus níveis de açúcar no sangue estavam um pouco elevado. Porque mantinha uma rotina de caminhadas e banhos do mar diários não se preocupou. Mas, em novembro do ano passado, foi diagnosticada com diabetes, após suspender todos os exercícios físicos devido a um cirurgia em um dos joelhos. “Nesta altura, tudo o que comia se transformava em açúcar. Comecei a sentir os efeitos no meu corpo, estava sem apetite e sentia-me pesada, sem forças”, relata.
Preocupada, a filha resolveu medir-lhe o nível de açúcar no sangue, mas a resposta era sempre idêntica: “Ray”. “Não sabíamos o que isso queria dizer. Então um outra filha resolveu trazer a sua máquina para fazer a medição, alegando que a minha estava com falhas. Mas a resposta foi a mesma. Ela então decidiu perguntar a uma colega, que é diabética, e foi aconselhada a me levar ide imediato para o hospital porque, quando apresenta a mensagem ‘Ray”, significa que o nível de açúcar ultrapassou a capacidade de medição do aparelho, ou seja, é superior a 600.”
Foram para a Clínica Medicentro e, ao ser atendida, um médico advertiu-a para evitar dormir, sob pena de não mais acordar, tendo em conta que os seus níveis de açúcar estavam demasiado elevados. “Ficamos várias horas na clinica e, de lá, fui encaminhada para a urgência do Hospital Baptista de Sousa, onde permaneci mais algumas horas. Fui medicada e enviada depois para casa, mas voltei no dia seguinte para o Medicentro. Estive então dois dias internada”, detalha.
Mas a redução do açúcar veio mesmo após uma visita do médico João Soares, que se encontra em São Vicente, acompanhado do seu primo Antero Oliveira. “Conversamos sobre as diabetes e o médico requisitou algumas analises. Entretanto, o Antero orientou-me a ter alguns cuidados com a alimentação. Deu-me uma lista de alimentos que podia consumir. Fez-me um cardápio para a semana, cortando muitas coisas. Concordei com tudo porque entendi que não podia ‘morrer pela minha boca. Paralelamente, comecei a fazer medições diárias e percebi que o meu nível de açúcar descia de forma consistente. De mais de 600, hoje o meu nível de açúcar no sangue fixou-se em 119.”
Em resumo, diz esta nossa entrevistada, do seu cardápio foi retirado o arroz, que substituiu por quinoa, a cenoura, a mandioca e a abóbora, que trocou para abobrinha, e boa parte das frutas. Cortou ainda o trigo e o pão, o leite e todos os doces. “Hoje consumo zero açúcar. De inicio foi difícil, mas agora é mais tranquilo. A minha recuperação foi graças a mudança na alimentação. Ainda tomo um comprimido de manhã e um outro de noite. Mas acredito que, a partir da minha próxima consulta, em fevereiro, toda a medicação será suspensa. Sinto-me bem, o meu corpo voltou a ganhar vigor.”
Consciente da importância de ter uma disciplina alimentar, segundo Quitéria, faz as suas refeições em horários fixos e segue todas as instruções e orientações do médico João Soares e de Antero Olvieira. E aguarda com ansiedade a retoma dos exercícios, após concluir o repouso determinado pela cirurgia. “Neste momento faço de tudo, vou para a mercearia, faço os meus trabalhos em casa. Antes não conseguia fazer nada porque não tinha energia. Agradeço e muito aos meus filhos e ao meu marido pelo apoio. Sem eles seria impossível. São eles que fazem as compras para que eu possa cumprir a dieta”.
E a sua primeira prova de fogo foram as festas de Natal e fim-de-ano, que conseguiu ultrapassar sem qualquer recaída. “Tinha bolos e doces em casa e em todos os lugares onde ia. Mas não comi nada extra dieta. Não é que perdi a vontade, apenas aprendi a disciplinar a minha pessoa. Agradeço ao médico João Soares e ao Antero, que me apoiaram e deram uma nova oportunidade. O Antero continua a telefonar e a mostrar preocupação. É digno de reconhecimento.”
A recuperação é tão boa que, segundo Quitéria, foi à uma consulta e mostrou os exames a uma outra médica, que ficou surpresa por ela ter enganado a morte. Entusiasmada, hoje ela aconselha as pessoas a terem muito cuidado com a alimentação, até porque as diabetes não escolhem idades. “A nossa juventude, principalmente, consume alimentos processados, enlatados sobretudo. Precisamos voltar a uma alimentação mais natural. No meu caso, esta mudança na dieta trouxe ainda outros benefícios porque perdi mais de 10 quilos. O meu peso estava a afectar os meus joelhos. Então, estou bem.”
Diante dos resultados, Quitéria garante que toda a família resolveu apostar numa alimentação saudável, com baixo teor de açúcar e carboidratos e rica em gorduras boas. O marido, João Centeio Barbosa, concorda com a decisão da esposa e do resto da família e diz que a nova dieta é para a vida.