Por: Gilson Maocha
A dor que trespassa as almas das três crianças da Salamansa é uma chaga que a justiça, cega e insensível, fracassou em curar. A raiva que arde nos corações dos pais é um fogo alimentado pela impunidade, enquanto a esperança definha diante da sentença absurda proferida por um juiz destituído de empatia.
Quatro anos de angústia, quatro anos de espera por uma justiça que deveria ser a baluarte da proteção. No entanto, o que recebem é um insulto disfarçado de punição: uma pena suspensa de míseros quatro anos e uma multa de 250 contos destinada a cada uma das vítimas. Até que ponto afundamos, como sociedade, quando a violação de uma criança é equiparada a um valor monetário?
A inocência, roubada brutalmente, é agora avaliada em 250 contos. Que mensagem cruel enviamos ao mundo, ao país e, principalmente, às vítimas? A taxa de violação cresce, e nossa justiça responde com uma penalidade que beira a trivialidade financeira.
Se fosse minha filha, eu exigiria justiça com a força que a lei não oferece e minha indignação ecoaria como um trovão. E questiono, Sr. Juiz, e questiono, Sr. Presidente José Maria Neves: e se fosse a SUA filha? A violação infantil merece mais do que uma pena branda e uma multa, merece a fúria da lei, a severidade da punição.
Que vergonha, nossa justiça, que falha em proteger os mais vulneráveis. Que vergonha, nosso país, que tolera tal descalabro. É hora de gritar contra essa injustiça, é hora de exigir uma mudança que reafirme a importância da inocência, da segurança infantil, e da verdadeira justiça.