Cientistas da Universidade de Varsóvia, na Polónia, anunciaram a descoberta de uma tatuagem rara de significado religioso no pé direito de um indivíduo que viveu há 1.300 anos. A tatuagem, que estava no pé de pessoa enterrada no sítio monástico de Ghazali, na região de Wadi Abu Dom, inclui monograma para o nome de Deus e letras do alfabeto grego.
De acordo com uma reportagem da Revista Galileu, o achado foi divulgado em 18 de outubro pelo Centro Polonês de Arqueologia do Mediterrâneo, da Universidade de Varsóvia (PCMA UW). Esta informa ainda que o cadáver foi descoberto durante uma escavação realizada no Sudão entre 2012 e 2018. Foi apenas após a execução de análises adicionais, no entanto, como fotografia de espectro total, que a pintura corporal foi revelada.
Conforme comunicado da Universidade de Varsóvia, um cristograma é um símbolo religioso que combina as letras gregas “chi” e “rho” para formar uma abreviação de monograma para o nome de Cristo. As letras “alfa” e “ômega”, a primeira e a última letras do alfabeto grego, representam a crença cristã de que Deus é o começo e o fim de tudo.
É a segunda vez que a prática de tatuagem foi evidenciada na Núbia medieval. A descoberta da tattoo foi identificada durante uma documentação fotográfica recente no laboratório de bioarqueologia da PCMA UW pela especialista Kari A. Guilbault, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos. “Foi uma grande surpresa ver de repente o que parecia ser uma tatuagem enquanto eu estava trabalhando com a coleção de Ghazali”, reata Guilbault. “No início, eu não estava certa, mas quando as imagens foram processadas e a tatuagem ficou claramente visível, quaisquer incertezas iniciais foram dissipadas.”
Guilbault e seu colega, Robert Stark, bioarqueólogo da PCMA UW, contaram ao site Live Science por e-mail que a marca no pé direito do morto é intrigante, já que Cristo pode ter tido um prego cravado no local durante sua crucificação.
Embora a tatuagem indicasse que o indivíduo era cristão, não está claro se ele era um monge, segundo os pesquisadores. Isto porque não foi enterrado no mesmo local que os monges do mosteiro, mas sim num cemitério que pode ter sido usado por pessoas de comunidades próximas.
Uma análise por datação radiocarbono indicou que o indivíduo viveu entre os anos 667 e 774. Nessa época, o cristianismo era a principal religião na região e, portanto, “muito comum”, disseram Stark e Guilbault. O indivíduo tinha provavelmente entre 35 e 50 anos quando morreu. Os restos humanos estão sendo estudados pelos cientistas, que estão investigando a origem da população local da região para tentar entender como era a vida das pessoas ali sepultadas.