A Feira Internacional de Cabo Verde já dispõe de um terreno para construir as suas instalações na ilha de S. Vicente. A novidade foi revelada ontem por Angélica Fortes, administradora-delegada da FIC, na abertura da 10 edição da Expomar, evento que decorre de 21 a 23 de setembro no parque de contentores da Enapor, com cerca de 45 expositores.
Em conversa com Mindelinsite, Angélica Fortes acrescentou que o lote tem mais de 23.000 m2 e fica junto a estrada na zona industrial do Lazareto. Esta fonte assegurou que se trata de uma oferta do Executivo, que o contrato de concessão foi assinado ontem e que agora a FIC vai tentar acelerar a edificação do espaço onde passará a fazer as suas feiras na cidade do Mindelo.
Desde 2019, ano em que a FIC entregou os pavilhões da Lajinha, terreno onde está a ser construído o hotel Four Points by Sheraton, que a empresa estava à espera de um lote para construir as suas novas instalações. O espaço foi devolvido em dezembro desse ano após a realização da 23. edição da Feira Internacional de Cabo Verde, tendo ficado ciente desde essa data que seria cedido um terreno na zona industrial do Lazareto para a instalação da FIC em S. Vicente.
“Para a FIC, este é um marco histórico que nos deixa muito felizes. É a assunção de um compromisso do Governo e agora vamos dar início à segunda fase, que será a construção do pavilhão”, diz Angélica Fortes, sem adiantar quando a obra poderá arrancar.
A assinuatura do contrato coincidiu com a décima edição da Expomar, exposição que, para Angélica Fortes, tem como meta ultrapassar os resultados positivos atingidos nas nove feiras anteriores, sempre sob o lema “nôs mar, nôs riqueza”. Para ela, o sucesso desse evento deve-se sobretudo a pronta resposta dos parceiros da FIC aos pedidos de colaboração. Para ela, o impacto dos ganhos alcançados até agora legitima a consagração e inclusão permanente da Expomar na agenda dos eventos empresariais anuais realizados em Cabo Verde.
À semelhança das outras edições, diz Fortes, a 10. exposição contempla actividades paralelas que ficaram sob a orientação da Câmara do Comercio de Barlavento. O programa, segundo a gestora da FIC, compreende um leque de conferencias internacionais, contactos de negócio, seminários e workshop direcionados para a elevação da performance do sector marítimo-portuário.
Nesta lógica, Jorge Maurício, presidente da Câmara do Comércio de Barlavento, considera a Expomar uma plataforma do conhecimento, um espaço de troca de experiências. “Pelo que, enquadrado no lema ‘nôs mar, nôs riqueza’, irá decorrer uma conferencia sobre a importância estratégica do mar, onde quadros de elevada reputação nas várias aéreas de actividade que compõem o sector marítimo partilharão as suas experiencias bem suceddas nos domínios da segurança marítima, da empresarialização e cooperação internacional”, adiantou o responsável da CCB, para quem a Expomar encetou um processo de crescimento feiral e converteu-se numa imprescindível onda atlântica de oportunidades económicas e de diálogo científico ligado ao mar.
Alargando a sua mensagem para um âmbito mais geral, Maurício salientou que o sector empresarial cabo-verdiano precisa de mais investimentos públicos e privados visando uma maior coesão territorial pela via marítima. Defendeu a empresarialização dos pequenos agentes económicos e sublinhou que, enquanto representantes do sector privado, ambicionam um melhor ambiente de negócios, uma administração descentralizada do Estado, uma gestão fiscal mais flexível e serviços públicos sem burocracias.
Coube ao edil Augusto Neves fazer a abertura oficial da feira. Logo de entrada, o autarca salientou que S. Vicente, de acordo com um estudo do INE sobre as dimensões económica, territorial e social, está no segundo lugar a nível nacional, só atrás da cidade da Praia, urbe onde, salienta, as condições são totalmente diferentes. Neves mostrou-se orgulhoso desse feito e agradeceu, por isso, o empenho e sacrifício dos mindelenses na luta incessante pelo desenvolvimento da ilha de S. Vicente. “São dados extremamente satisfatórios, fundamentalmente na dimensão económica”, considerou o presidente da CMSV.
Neves reconheceu igualmente o papel que a FIC tem desempenhado no crescimento económico da cidade do Mindelo, nomeadamente através da Expomar, feira que potencia o mar como fonte de rendimento e base económica para Cabo Verde e S. Vicente, em particular.
“S. Vicente está ligada desde sempre à nossa maritimidade e a cidade do Mindelo tem sido protuberante da nossa relação com o mar. Hoje mantemos uma tradição piscatória, mas é sobretudo o turismo marítimo ou balnear que prevalece como actividade prioritária na nossa região”, considerou o edil, para quem o Terminal de Cruzeiros, em fase de construção e estrategicamente localizado na baía do Porto Grande, terá um papel fulcral na dinamização do turismo.
Segundo Augusto Neves, improvisar nunca é solução quando se fala do mar, pelo que S. Vicente precisa de planeamento e de investimento a longo prazo para poder edificar e sustentar os diversos vectores essenciais a uma nação marítima.