Os trabalhadores do Instituto do Turismo de Cabo Verde iniciaram às 8 horas desta segunda-feira uma greve, com duração de três dias. Reivindicam a implementação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários e a lista de transição, declarou ao Mindelinsite o técnico Joel Barbosa, o único trabalhador deste instituto na ilha de São Vicente, com responsabilidade para a região.
De acordo com o entrevistado, a greve vai abarcar o horário normal de expediente, ou seja, das 8 às 16 horas, de hoje até a próxima quarta-feira, 19. Em termos de adesão, afirma, em São Vicente é o único funcionário para a ilha e toda a região norte, excepto Sal e Boa Vista, e decidiu cruzar os braços. “Sou o representante do Instituto do Turismo para as três ilhas do norte – São Vicente, Santo Antão e São Nicolau. E decidi aderir. Na Praia tenho seis colegas e 90% aderiram a greve. No Sal, temos também um único colaborador e alguns poucos contratados, mas optaram por não aliar-se à nós nesta luta.”
Este argumenta que, não obstante o Instituto do Turismo ser um organismo recente, criado em 2019, são técnicos do turismo a cerca de duas décadas. “Desde 2014 estou a trabalhar com o turismo. Fui estagiário, técnico assistente e depois quadro. Tenho 10 anos como quadro do turismo. Antes trabalhávamos na Direção Geral do Turismo, que foi transformado em Instituto do Turismo. Estamos a ser penalizados desde sempre, entretanto, este é o sector que mais contribui para a riqueza do país, com 25% do PIB. Mas nunca sentimos recompensados em termos de carreira e nem de salários.”
Esta é uma luta que o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública Central (Sacar) afirmar, têm se arrastado desde 2020, com a criada doo Instituto do Turismo de Cabo Verde, sem os respectivos documentos de gestão. “Apesar desta demora, os técnicos do ITCV sempre estiveram disponíveis para o diálogo e continuaram desempenhando as suas funções com responsabilidade, zelo, profissionalismo e rigor”, diz o Sacar, realçando que, ao longo dos anos, as receitas arrecadadas pelos serviços da competência do instituto, principalmente, a fiscalização e instrução de processos de contra-ordenação da Taxa de Contribuição Turística, cuja gestão é da responsabilidade do Fundo do Turismo, têm desempenhado um papel significativo na melhoria das infraestruturas turísticas do país.
As receitas têm igualmente, beneficiado entidades publicas e privadas, câmaras municipais, associações, omg’s e outros sectores relacionados ao turismo. Mas pouco ou quase nada é destinado a melhoria das condições salariais e trabalhistas dos recursos humanos do sector, critica. “Os técnicos do ITCV nunca receberam o merecido reconhecimento. Apesar dos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística que demonstram o crescimento dessas receitas, a valorização desses profissionais está sendo negligenciada há anos”, reforça este sindicato.
É por isso e devido a não implementação do PCCS que estes técnicos, com apoio do Sacar, decidiram realizar esta greve, como forma de protesto e para reivindicar a valorização de suas funções. Esperam que esta luta chame a atenção das autoridades competentes e estimule a eficiência dos ministérios envolvimento no processo de implementação do Plano de Cargas, Carreiras e Salários, visando garantia melhores condições de trabalho e reconhecimento aos profissionais.