Cabo-verdianos estão mais favoráveis à oficialização e ao uso da língua materna como meio de ensino, diz pesquisa da Afrobarometer
Os cabo-verdianos estão cada vez mais favoráveis à institucionalização da língua materna na qualidade de língua oficial, indica um inquérito feito pela Afro Barometer, rede de pesquisa pan-africana. Os dados recolhidos indicam, conforme esse estudo, que a propensão em aceitar o crioulo como língua oficial, tal como o português, vem crescendo em todas as faixas etárias. O sentimento é, no entanto, mais forte entre os jovens dos 18 aos 25 anos de idade.
A recolha indica ainda que os residentes nas zonas rurais tendem a defender como justa a formalização do cabo-verdiano como língua oficial, a par do português, na mesma proporção das pessoas que vivem nas cidades. E essa aceitação é maior entre os homens do que entre as mulheres.
A proporção dos cabo-verdianos que defendem a formalização do criou a par do português aumentou em cerca de 13 pontos percentuais em relação ao estudo de 2005. A defesa do crioulo, segundo a pesquisa, é mais expressiva entre os inquiridos com maior nível de pobreza (72%) do que entre aqueles sem pobreza vivida (57%). “De realçar ainda que os mais jovens são aqueles que concordam em maior proporção na oficialização da língua crioula ao lado do portugues, com 71%”, informa a Afro Barometer.
O trabalho demonstra ainda que 53% dos cabo-verdianos são de opinião que o governo tem criado pouca ou nenhuma condição adequada para promover a elevação do crioulo como língua oficial, enquanto 36% acha o contrário.
Sobre o uso do crioulo no ensino, cerca de oito em cada 10 nacionais (78%) concordam que o cabo-verdiano deve ser ensinado como “disciplina obrigatória” em todas as escolas do país. E ainda 72% também concorda que a língua cabo-verdiana deve ser usada como meio oficial de instrução em todas os tabelecimentos de ensino de Cabo Verde.