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Soncent ka tem igual

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Por: Areolino Soares Delgado

Lá se vai o tempo em que dizer que “São Vicente é um Brazilim” era sinónimo de elogio à capacidade criativa e facilidade em “passa sab” do povo mindelense.

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Hoje, Mindelo e São Vicente, esta cidade que se confunde com a ilha e esta ilha que não se diferencia da cidade, reclamam, no que toca à multiculturalidade e genialidade criativa, a sua própria identidade, alicerçada na capacidade da sua gente em absorver influências culturais e transformá-las em manifestos Mindelo-identitários, sem nunca abnegar da génese de que se compõe este pedacinho de terra e com a dose de sabura que só a este povo se reconhece.

O Carnaval Mindelense deste ano foi mais um exemplo da genialidade que se abunda sob olhar atento do Monte Cara, da resiliência deste povo e da capacidade de transformar desafios em oportunidades. De Mindelo para o mundo irradiaram-se dias e noites de pura liberdade criativa, de genuína manifestação social e de assinalável lição de civismo e autogestão de multidões.

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A ilha de São Vicente proporcionou a todos os que a visitaram, e a milhões espalhados pelo mundo através das novas tecnologias, o maior espetáculo do país e, em termos de representatividade social, certamente um dos maiores do mundo, construído de pedra em pedra, da incapacidade de desistir, em que a soma das partes foi maior do que o todo, resultado de uma mágica comunhão de ideias e singular somatório de esforços, fazendo de todos vencedores, porque quem tanto e tão bem faz nunca vencido será.

Como se diz “sab ka ta doê” e não pode doer mesmo. “Sabê fazê e passa sab” é uma virtude, uma qualidade de integridade social. Quem dera a todos os povos do mundo “passa sab” e ser feliz, nem que fosse por uma hora, como se notou no Carnaval Mindelense. Abençoadas ilhas, abençoado povo, que de entre todos os percalços da vida encontra forma de ser feliz.

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Outrossim, o crescimento, a todos os níveis, do Carnaval Mindelense é exponencial e configura-se oportuno estudar, inter alia, o seu impacto social, económico, turístico e cultural, visando definir as melhores estratégias para a sua sustentabilidade financeira, sem correr o risco de se lhe tirar o seu maior ativo: o povo.

O poema diferente que “Sr. Kuxim” reclamou incluía certamente “kês três cosa sab”, e mesmo com “dois cara ou dois face” “D´guys tem que cuida de nós planeta”, porque para o ano estaremos de volta para, juntamente com a Dona Luísa, este ano empossada Imperatriz do Carnaval Mindelense, desfilar com os Mandingas e relembrar os que, como a Dona Lily, muito fizeram para que esta manifestação cultural se tornasse na maior do país.

Parabéns Soncente.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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