O ministro Abraão Vicente afirmou hoje que os principais beneficiários da marca Carnaval do Mindelo precisam passar a financiar o evento e não deixar esse ónus apenas para a Câmara de S. Vicente, o Ministério da Cultura e o empenho da liga representativa dos grémios. O governante, que falava após a assinatura de um protocolo de financiamento da efeméride com a LIGOC-SV, apontou o dedo directamente aos sectores hoteleiro, dos transportes aéreos, marítimos e terrestres e à própria Câmara do Comércio de Barlavento.
Abraão Vicente salientou que o valor de 5.000 contos concedido pelo Estado desde 2017 é insuficiente sequer para financiar a saída de um único grupo e relembrou que o Carnaval está a reaparecer após uma paragem forçada de dois anos devido a pandemia, situação que acabou por afectar a dinâmica dos grémios. “É normal que os grupos esperem do tecido empresarial mindelense e das grandes marcas nacionais um financiamento robusto para que o Carnaval seja vivido por todos. O Estado e a LIGOC estão a fazer a sua parte, mas é preciso um contributo colectivo”, frisou o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas. Abraão Vicente trouxe à baila o caso da Banda Municipal de S. Vicente que, conforme referiu, não fez a tradicional volta pela morada no dia 1 de janeiro porque os músicos exigiram receber e salientou que pode ocorrer também aos grupos do Carnaval cancelarem a saída – e contrariar a tradição – se não tiverem financiamento. Aliás, lembrou que os grupos andam a fazer a transição de dívidas a cada desfile.
Este apelo foi estimulado por Marco Bento, presidente da Ligoc-SV, que agradeceu o apoio financeiro concedido pelo Ministério da Cultura e disse esperar o empenho dessa tutela nos contactos com as instituições e empresas que normalmente tiram proveito directo do Carnaval do Mindelo. Segundo esse dirigente, a Liga vai tentar conseguir mais financiamento junto desses players, mas conta com o envolvimento do MCIC nessa investida.
Para Marco Bento, a assinatura do protocolo representa mais uma etapa da consolidação do apoio que a Ligoc tem recebido do MCIC, que, nas suas palavras, tem disponibilizado um “valor substancial” para ajudar a Liga a atingir os seus objectivos. Segundo Bento, nos últimos anos a Liga tem falado das dificuldades em se organizar o desfile oficial em S. Vicente com apenas o apoio da Câmara de S. Vicente e do Minstério da Cultura. Para ele, os cinco mil contos são insuficientes para cobrir as necessidades, mas já são uma ajuda considerável para os grupos.
Marco Bento diz que a Liga vai “esticar” esse montante e usa-lo de forma diferente este ano. Entretanto, acrescentou que a Liga conseguiu o apoio de outros patrocinadores e que este ano foi possível enviar representantes dos grupos oficiais ao Brasil para efectuarem compras de materiais importantes para os desfiles. Salientou que os grupos já estão a trabalhar nos estaleiros e almeja um Carnaval melhor que o do ano 2020, disputa vencida pelo grupo Monte Sossego.
O valor do protocolo assinado entre o MCIC e a LIGOC provém do Fundo do Turismo e Abraão Vicente asseguru que o seu ministério vai, juntamente com o Primeiro-ministro, depois de ter mobilizado as verbas para a sonorização de todo o circuito do sambódromo do Mindelo, arranjar mais verbas através da rede das empresas estatiais. Tudo isso visando obter um patrocínio pujante aopara o Carnaval do Mindelo porque, diz, 2023 terá de ser o ano do relançamento da festa. Um evento que, lembrou A. Vicente, é cultural, mas tem um com forte pendor económico.