A um mês da abertura das portas da Ocean Village, a construção dos diversos pavilhões no parque de contentores da Enapor para receber o público, convidados e organização da regata Ocean Race está a decorrer a um ritmo que satisfaz Ivan Santos, responsável pela área da logística. Esta manhã explicou à imprensa como será construída a vila e fez referência aos diversos espaços que farão parte das infraestruturas concebidas para dar suporte às equipas de trabalho da mais famosa corrida de veleiros.
Segundo Ivan Santos, o projecto contempla a edificação do pavilhão da sustentabilidade – onde serão apresentados trabalhos executados por ONG’s locais e estrangeiras com o carimbo da sustentabilidade, sob a coordenação da UTA -, o “media center” – reservado à imprensa nacional e estrangeira, que comporta canais como TV Sports, CNN e Discovery -, restauração, o “team zone”, a área de merchandising, o palco para actuação de artistas cabo-verdianos e estrangeiros, espaço para exposição de artesanato, com o apoio da CNAD e de asrtesãos de S. Vicente, Santo Antão e S. Nicolau…
Cerca de 50 trabalhadores estão envolvidos nesta primeira fase dos trabalhos, que vai até a segunda semana de janeiro. Logo na primeira semana deste mês começa a instalação dos pontões no cais n. 3, com 215 metros de comprimento, para receber 10 embarcações – cinco da categoria VO-65 e cinco da classe Imoca-65. No entanto, há a possibilidade de vir mais um veleiro VO-65. Segundo Ivan Santos, esse trabalho não irá interferir nas obras de construção do Terminal de Cruzeiros do Porto Grande.
As portas da chamada Ocean Life Park estarão abertas ao público de 20 a 25 de janeiro, prevendo-se a visita diária de 3.000 a 5 mil pessoas. A primeira embarcação deve entrar na baía do Porto Grande, no entanto, no dia 22 ou 23 de janeiro, vindo de Alicante. Os veleiros vão cortar uma meta virtual situada entre a ponta da Cabnave e o Ilhéu dos Pássaros e cada um será recebido com base num ritual próprio da Ocean Race e uma música escolhida pela tripulação. Além disso, cada barco terá uma recepção surpresa na zona de atracação.
A largada de S. Vicente rumo à África do Sul será executada também de forma especial. Os veleiros vão fazer uma performance na baía, tendo o Monte Cara como cenário, para captação de imagens e um adeus à cidade portuária do Mindelo.
Toda a logística e os eventos associados à regata estão orçados em 800 mil dólares, montante assumido pelo Banco Mundial. A corrida terá como bandeira a proteção dos oceanos e do ambiente, pelo que todos os materiais associados à Ocean Race serão descartáveis e biodegradáveis. Dentro da Ocean Village serão usados utensílios que respeitam essa directiva. Ivan Santos acrescenta que não será permitido o uso de nenhum material de plástico.
Entretanto, a organização está preocupada com o cheiro a peixe podre que continua a ser emanado das imediações da fábrica de tratamento de pescado da Atunlo, construída mesmo dentro do cais internacional do Porto Grande. Ainda esta manhã, os jornalistas sentiram de perto esse problema e confrontaram Ivan Santos com essa questão, que pode afectar negativamente o evento. A ser notado pela imprensa internacional, será certamente uma “notícia fresca”, a destoar de todo o glamour associado à corrida.
Segundo Ivan Santos, o assunto está a ser tratado entre a Enapor e a administração da fábrica, visando minimizar esse impacto ambiental. “A entrada do público e dos convidados será pelo lado norte e isto pode amenizar o incómodo”, diz Ivan Santos, que reconhece, no entanto, haver o risco de surgir uma viragem e transportar o odor para a vila.
Esta é a primeira vez que acontece uma escala da Ocean Race em Cabo Verde. A regata vai percorrer cerca de 32.000 milhas náuticas (60.000 km) em torno do mundo durante seis meses. Os iates partem da cidade de Alicante, Espanha, no dia 15 de janeiro de 2023 e devem começar a chegar à ilha de S. Vicente no dia 21, onde permanecem cinco dias, naquela que será a primeira escala da prova.