Julgamento de A. Oliveira por alegada agressão a uma ex-namorada marcado para esta semana
O julgamento do jurista Amadeu Oliveira por alegada agressão a uma ex-namorada, denunciado na imprensa em abril de 2021 acompanhado de fotos ilustrativas, vai ser marcado para esta semana, conforme informações apuradas por Mindelinsite. Caso se confirmar, o advogado, que se encontra preso preventivamente na cadeia da Ribeirinha em São Vicente, acusado de ajudar o seu constituinte Arlindo Teixeira a fugir de Cabo Verde, irá enfrentar dois julgamentos em simultâneo.
A audiência deste caso de Violência Baseada no Género será em Santo Antão, ilha que está neste momento a mobilizar-se para uma grande manifestação, na cidade da Ribeira Grande, a ter lugar amanhã, terça-feira, 6 de setembro, a favor do jurista e ex-deputado. A concentração será a partir das 15h30, em frente à casa dos pais deste causídico, na Ladeira. “Deixar claro que a nossa manifestação é pacífica, ordeira e apartidária; ou seja, não será permitida qualquer uso indevido da manifestação, utilizando símbolos partidários e desacato às autoridades”, lê-se numa publicação assinada por Carlos Bartolomeu, o organizador.
Amadeu Oliveira está a ser acusado da “prática reiterada” de crimes de VBG contra uma ex-namorada. A suposta vítima, de nacionalidade brasileira, terá mantido uma relação amorosa com este advogado, de acordo com a notícia divulgada em primeira mão pelo jornal O País, ilustrada com imagens que mostram uma mulher com olhos e rosto machucados.
Confrontado pelo Mindelinsite na altura, A. Oliveira desmentiu que tenha agredido seja quem for, nem ex-namorada, nem conhecida, amiga ou inimiga na data referida, quando se encontra em pré-campanha eleitoral em Santo Antão e no Sal. “Admito que estive nestas duas ilhas nesta altura, mas não encontrei, não vi e nem me aproximei da suposta vítima”, afirmava Oliveira, lamentando que um jornal, que, segundo as suas palavras, “é propriedade e gerido por altos dirigentes do MpD”, se tenha disponibilizado para publicar uma “tramoia”, sem ter o cuidado de, previamente, munir-se de provas.
Este alegava ainda que tomou conhecimento de que a notícia veiculada por aquele jornal se baseou exclusivamente numa publicação feita no Facebook pelo Delegado Marítimo do Porto Novo, António Santos. Entretanto, o post que alegadamente serviu de suporte para a notícia foi imediatamente retirado da internet.
Na altura, o advogado prometeu agir judicialmente contra este alegado ataque, mesmo não acreditando na justiça em Cabo Verde. “Não é a primeira vez que denúncias falsas contra a minha pessoa estão a ser dadas à estampa em jornais, sobretudo no que se reporta à minha relação com supostas namoradas. Meus detratores tentam passar a mensagem que não respeito as mulheres, que mantenho, ao mesmo tempo, várias relações amorosas e que controlo as ditas namoradas com base em violência física, o que é redondamente falso”.
Em jeito de desabafo, dizia estar ciente de que iriam continuar a propalar esta tese de “violência contra as membras do harém”, realçando que, no seu caso, é um alívio saber que não publicaram esta “mentira” durante a campanha, tendo em conta que essa suposta agressão terá acontecido em março e as eleições legislativas foram em abril. O jurista chamou ainda a atenção para o facto de o jornal não ter reproduzido nenhuma declaração da suposta vítima e nem mesmo precisar o lugar onde a agressão terá acontecido, a data, as provas, as razões, isto é, nenhum elemento que permitiria aos leitores aquilatarem-se da veracidade, exagero ou mentira dessa suposta agressão.
Estes factos, por si só, de acordo com Oliveira, provam que o citado jornal baseou-se única e exclusivamente na publicação da autoria de António Santos, que, conforme o print do post enviado a este jornal, sem apontar nome de Amadeu Oliveira, diz: “o justiceiro, aquele que foi eleito, continua a sua saga e a vítima dessa vez, e mais uma vez, é uma mulher indefesa que foi levada na lábia do dito cujo e longe da sua pátria, veio a receber sevícias do famoso andorista. Agora é perguntar se esse louco não devia estar na prisão e a chave lançada no fundo do mar”.
Indo mais além, o autor desafiava ainda a suposta vítima a denunciar, na primeira pessoa, ou a lhe autorizar a fazer isso por ela. “Não deixe o medo tomar conta de si. Viveste maritalmente com este homem e eras espancada em público e nas festas privadas de uma cidade de Santo Antão. As pessoas te apelam e querem manifestar para colocar este homem atrás das grades. Sabemos o que passaste e sabes de mote próprio que este animal não vai parar, e outras vítimas vão aparecer. Te peço, por favor, nos ajude a te ajudar e fazer com que este homem não entre no Parlamento. A palavra é tua, mas também é nossa, pois de um crime público se trata.”