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Opinião

Carta aberta aos CVMA

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como é possível uma música tão antiga, cuja origem se mostra duvidosa, poderá estar a concorrer para uma premiação num dos maiores concursos de música cabo-verdiana?

Por: Roy Job

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Prezados organizadores do CVMA,
Meu nome é Roy Job e escrevo-vos na qualidade de filho de Jorge Job. Creio que me conhecem pelas vezes que já estive nomeado em diferentes categorias deste concurso e por isso abstenho-me de me alongar. Até porque a minha intenção não é falar sobre mim, mas sim sobre meu pai e sua obra.

Trata-se de Jorge Job, falecido no final do ano passado, que foi músico e que já deu para Cabo Verde diversas composições, cantadas e tocadas por diferentes artistas ao longo de todos estes anos. Uma das músicas que produziu trata-se de “Ano Novo”, escrita antes dos anos 60 e que recentemente foi regravada na voz de Neusa de Pina, com outra versão denominada de “Prisão”, mas mantendo o primeiro verso e a melodia que são propriedades de Jorge Job.

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Foi com um sentimento de consternação que me chegou ao conhecimento de que a mesma morna encontra-se nomeada para a categoria de “Melhor Morna” no concurso do Cabo Verde Music Awards. Quero deixar claro que foi graças a este concurso, que sempre respeitei pelo trabalho que ao longo dos anos vem premiando a obra dos artistas nacionais, que tive a noção da morna, a qual esteve
pré-nomeada na mesma categoria que uma morna minha. Quero deixar claro também que desde que tive a consciência de que poderia haver outras interpretações de outras pessoas, que não aquela que me move, deixei de me interessar se a minha morna ficaria ou não entre as finalistas.

O meu propósito é defender o respeito pela memória e pelo rico património musical que Jorge Job deixou para a cultura cabo-verdiana. Já está mais do que provado de que o primeiro a compor a música foi meu pai, como já tinha referido, antes da década de sessenta. E como António Alves, que dizem ser o compositor de “Prisão”, “escreveu” a canção nos anos 70, quando esteve preso em Angola, logo a morna original nunca que poderia ser da sua autoria.

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Sabendo que estamos a tratar do caso, recorrendo aos tribunais e da polémica que rendeu, tendo sido publicado em noticias e nas redes sociais, pergunto como é possível uma música tão antiga, cuja origem se mostra duvidosa, poderá estar a concorrer para uma premiação num dos maiores concursos de música cabo-verdiana?

Com todo o respeito que tenho por esta casa, que é os CVMA, aguardo e
agradeço desde já o retorno.

Saudações musicais

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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