Pub.
Mundo
Tendência

Morte de Archie Battersbee reacende debate sobre consequências nas crianças dos desafios lançados nas redes sociais

Pub.

A morte de Archie Battersbee, uma criança de 12 anos amante do desporto, veio reacender a polémica sobre desafios lançados nas redes sociais e que acabam por provocar vítimas mortais ou sequelas permanentes nos participantes. O menino, que foi encontrado pela mãe em paragem cardiorrespiratória, teve morte cerebral e, apesar da intensa luta judicial dos pais para manter ligadas as máquinas que lhe garantiam suporte da vida, as mesmas foram desligadas no sábado. Sem o apoio respiratório artificial, Archie faleceu.

O desfecho aconteceu após a segunda recusa pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos do recurso apresentado pela família. Aos pais, Hollie Dance e Paul Battersbee, resta agora o processo de luto, que promete ser bastante doloroso e prolongado.

Publicidade

Tudo indica que Archie resolveu participar no passado mês de abril num desafio lançado na plataforma TikTok, o Blackout Challenge, que incentiva os participantes a se sufocar com um cinto ou uma corda até ficarem inconscientes. A morte cerebral foi declarada por ter estado mais de 20 minutos sem oxigénio.

O caso reacendeu o debate sobre o que as crianças consomem nas redes sociais e qual o papel que os pais podem ter na utilização destas plataformas pelos filhos. “Em causa, no caso de Archie, está o papel do algoritmo daquela rede social no conteúdo a que as crianças têm acesso de uma forma regular e, até, insistente – algo que pode afetar a saúde mental das crianças e jovens”, realça uma reportagem da Rádio Renascença, ainda antes de o hospital britânico ter desligado a máquina que mantinha Archie a respirar.

Publicidade

Em entrevista à RR, Tito Morais, especialista em segurança online e fundador do portal Miúdos Seguros na Net, adiantou que o TikTok montou o seu algoritmo de forma a mostrar aos utilizadores o que lhes interessa ver. “Se eu tiver uma personalidade depressiva e ver vídeos depressivos ele vai-me mostrar cada vez mais vídeos depressivos”, ilustra.

O problema, enfatiza o jornal, é que as crianças querem ter “likes”, querem ter visualizações. Deste modo, embarcam em modas e desafios muitas vezes perigosos.

Publicidade

Nos Estados Unidos há já processos judiciais a correr contra redes sociais que permitiram desafios potencialmente fatais. No caso, as queixas foram apresentadas em julho pelos pais de duas meninas de sete e oito anos que faleceram devido a esse tipo de desafio no TikTok. A acusação defende que a plataforma não tem agido para controlar um fenómeno que tem estado em expansão e, pelo contrário, permite que os seus algoritmos apresentem o desafio no feed de crianças que não o procuram e que não têm capacidade para avaliar os riscos inerentes.

C/RR, DN e Sapo

Mostrar mais

Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo