Por: Frei Silvino Benetti
O carro onde seguia Anatoly, conhecido por Tolya, enquanto fugia com a família de Hostomel, a norte de Kiev, foi atingido por uns disparos de soldados. A mãe não sobreviveu às feridas e faleceu poucos dias depois em Borodianka.
Anatoly tem 9 anos. Agora encontra-se com o resto da família em um lugar seguro. O seu nome veio à comunicação social porque o menino escreveu, à mãe morta, uma carta onde promete portar-se bem para o resto da vida de forma que, um dia, juntar-se-á a ela lá no Paraíso, onde ela agora se encontra.
O horror da guerra nunca tem explicação para qualquer um de nós e menos ainda para uma criança vítima da perda do seu bem maior que é a mãe. Mas Anatoly ultrapassa esse horror com a intuição que a mãe está viva no Paraíso e, ao invés de cair no desespero e na desorientação, cria um programa de vida!
O que levou a mente desse menino a elaborar essa perspectiva pode ser explicado de diferentes maneiras. Mas a lucidez e a serenidade das palavras da carta não nos deixam resolver isso como uma quaisquer criancice.
Elaborar um programa de vida com as bombas que explodem à volta, e querer prometer ser bom depois de ter sido atingido pelo mal, é algo de transcendente e tem uma espantosa lógica que Anatoly fale de Paraíso. Parece que Deus não quer dar-nos uma explicação para a repugnante expressão do mal na história da humanidade, mas muitos disseram que Ele pode dar-nos a força e a luz para ultrapassa-lo.
Se aceitarmos aprender com Anatoly não procuramos explicações, mas acolhemos a força do bem que vence o mal! Este é o bem maior e este nos é dado sem medida! Tentemos aceitar que a lógica de Deus é diferente da nossa e não nos obstinemos a exigir explicações que mais tarde pedem vingança mas, reconheçamos, a evidente e alegre verdade de que Deus está aqui!
Perante a morte e o mal ainda bem que pelo menos Deus tem uma palavra; é inútil iludirmos que temos uma resposta e estúpido fecharmos no vazio da obstinação. Quando chegarmos a pensar assim estamos preparando as armas para entrar na guerra !
Pela comissão justiça, paz e ecologia dos capuchinhos