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Jéssica Lopes: “Aos poucos as mulheres vão conquistando espaço nos ginásios como personal trainer”

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As mulheres estão ganhando terreno em S. Vicente na área de personal trainer, antes dominada pelos homens. Aos poucos vão despontando monitoras nos ginásios com profissionalismo e resultados que as deixam orgulhosas. É o caso de Jéssica Lopes, 34 anos, que trabalha neste momento com 10 adolescentes e adultos no ginásio Gorh, além de um grupo de crianças que recebe treino funcional num outro espaço.

Licenciada em Educação Física, Jéssica assume que as mulheres vão aos poucos demonstrando competência nesse segmento profissional. Porém, constacta que os homens mostram ainda uma certa resistência em serem treinadas por mulheres. “Não sei se por complexo ou outro motivo”, especula a instrutora, que já trabalhou com dois rapazes e o seu irmão, mas, diz, este é um caso muito específico. Para ela, ser uma personal trainer ainda é uma tarefa difícil para as mulheres, em parte por estarem a “invadir” um domínio dos homens.

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No ginásio onde costuma instruir os treinos, Jéssica tem na sua lista apenas mulheres. A mais nova tem 14 anos e a mais velha é a sua própria mãe, que já completou os 60 anos de idade. Parte delas decidiu “malhar” com o intuito de elevar a sua autoestima. Mulheres que não conseguiam encarar-se ao espelho, que viam mais defeitos do que perfeição nos seus corpos.

“Há pessoas que nos procuram porque não aceitam o seu corpo. Por conta disso sentem-se infelizes, com a autoestima aos frangalhos. Nesses casos temos de conversar com elas, entender o que se passa e mostrar-lhes que não devem viver fazendo comparações com o físico de outra pessoa. Cada um tem o seu corpo”, salienta a instrutora.   

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Até agora, segundo Jéssica, os resultados têm sido satisfatórios. Para ela, ver alguém sorrir e se orgulhar do patamar onde chegou é o mais importante. “Esta é a minha grande satisfação!”

Há menos de um ano que Jéssica passou a ser personal trainer. E tudo aconteceu de forma inesperada. Terminada a sua licenciatura, tentou procurar vaga como professora, mas sem sucesso. “Como não havia vaga para lecionar Educação Física, tive que procurar algo para fazer. Dado ao meu histórico com os ginásios, que frequento desde os 18 anos de idade, retomei os treinos. Entretanto, começaram a aparecer pessoas interessadas em serem acompanhadas por mim. Por essa altura, uma colega incentivou-me a ser personal. Como gosto de ensinar, as coisas passaram a evoluir de forma natural”, explica.  

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Jéssica começou a trabalhar com uma adolescente, que ainda continua com ela, e agora tem um grupo de dez pessoas. O foco delas é fundamentalmente a manutenção física, e não competir por títulos de fisiculturismo.

Jéssica Lopes é uma apaixonada pelo desporto, que traz no sangue. A mãe dela jogou futebol e andebol e ela começou a frequentar aulas de ginástica rítmica aos nove anos de idade. Na Escola Técnica apanhou o “bicho” das modalidades de salão, como o voleibol e basquetebol. Aos 18 anos iniciou os treinos de fisiculturismo levado pela mão do professor Djô Borja, na altura dono do Ginásio Progresso, considerado o pioneiro dessa actividade na ilha de S. Vicente.

A jovem teve de suspender o seu treino em 2008 e viajar para Bolívia com o fito de cursar Psicologia. Porém, a formação ficou pelo caminho. Regressou a Cabo Verde sem defender o trabalho final e devido a problemas com a documentação. “Sinceramente, a Psicologia não era a minha vocação. Já na Bolívia fiquei a saber que abriram um bacharelato em Educação Física em Cabo Verde. Se soubesse isso antes não iria para Bolívia”, assegura a jovem.

Recentemente concluiu a licenciatura em Educação Física e passou a ver o desporto de um prisma mais abrangente. E foi durante esse curso que foi também conquistada pela modalidade de andebol. Se antes via esse desporto como algo muito “agressivo” devido aos contactos físicos, hoje confessa estar caidinha por esse jogo.

Outra grande paixão de Jéssica Lopes é o Carnaval. Aliás, passou a ser conhecida em S. Vicente nos desfiles das escolas de samba. O seu corpo escultural e samba no pé acabaram por inspirar outras mulheres. “Sem me dar conta, acabei por inspirar outras mulheres durante os desfiles do Carnaval e passaram a treinar com afinco”, revela essa jovem, para quem o desporto e o carnaval são duas paixões que se entrelaçam.

“O ginásio dá-me energia para aguentar o solavanco dos desfiles, por outro lado, o Carnaval dá-me motivação e paixão”, diz. Por altura do Carnaval, Jéssica fica com o físico mais escultural. No entanto, tem de saber dosear o esforço e dar mais atenção ao cárdio. Como diz, cada ensaio nas quadras é um verdadeiro treino.

O grande objectivo de Jéssica Lopes é ser professora e trabalhar com crianças. Por isso vê a sua actividade como personal trainer como um extra.

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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