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Sociave aguarda novo stock de milho importado e medidas protectivas do Estado para saber se vai aumentar preço do ovo e do frango

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A Sociave está a aguardar a chegada esta semana do novo lote de milho importado e das medidas protectivas do Governo aos cereais para saber se vai aumentar o preço do ovo e do frango. Até agora a empresa tem estado a encaixar os impactos da pandemia e das recentes subidas da matéria-prima, transportes e combustíveis, mas o empresário João Santos adverte que essa medida tem provocado um impacto financeiro considerável no aviário. A expectativa da empresa é que o Governo volte a subsidiar o milho, tal como fez no último trimestre do ano passado.

“A matéria-prima subiu de preço durante a pandemia e voltou a sofrer agravamentos nos últimos dias. Só a título de exemplo, o saco de milho custava pouco mais de 1.200 escudos em janeiro do ano passado e agora é vendido a 2.360 escudos. Um aumento de aproximadamente mil escudos por saco. Um contentor de 20 pés vindo de Portugal ficava por cento e tal contos, agora passou para mais de duzentos contos; a soja era vendida a 270 euros por tonelada, custa agora mais de 500 euros…”, ilustra o empresário. A empresa, prossegue, costuma consumir seis mil sacos de milho por mês. Feitas as contas, o agravamento no preço desse produto passou a representar um custo adicional de seis mil contos mensais.

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Segundo Santos, pior que o preço é a escassez que se regista neste momento no mercado internacional, em parte devido aos impactos da guerra na Ucrânia. Este gestor alerta que Portugal, de onde os avicultores costumam importar milho e outros consumíveis, está com problemas no stock de cereais. Uma situação que acaba por agravar a gestão das empresas em Cabo Verde. Para driblar esse problema, a Sociave, diz Santos, importou um stock de milho, mas a um preço proibitivo.

“Fizemos isso porque não podemos viver um dia sem milho. A empresa vai à falência”, afirma João Santos. Este gestor acrescenta que, se uma empresa como a Sociave falir, o mercado cabo-verdiano deixa de ser fornecido com 100 mil ovos diários. A acontecer esse cenário, alerta, teria um impacto desastroso na segurança alimentar dos cabo-verdianos.

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Santos acentua que o ovo e o frango passaram a ser comida dos mais desfavorecidos em Cabo Verde, quando antes era o peixe, especificamente a cavala. Só que a realidade mudou. Hoje, diz, o peixe deixou de ser a solução para essas famílias porque o preço aumentou e tem havido escassez. Por mais essa razão, a produção de ovos e frangos precisa de uma atenção especial do Estado. “Se resolvermos repassar todo este aumento que estamos a encaixar para os consumidores teremos um aumento brutal do ovo e do frango. Estes produtos de necessidade básica deixariam de ser acessíveis para a pobreza e isto numa altura em que os salários estão congelados e o cabo-verdiano perdeu poder de compra com a pandemia”, realça.

Efeitos da pandemia

Tal como outras empresas, a Sociave sentiu no bolso os impactos da pandemia da Covid-19. Segundo João Santos, a empresa perdeu de um momento para outro 30 por cento da sua venda com o encerramento dos hotéis. Para piorar, o país ficou seis meses privado de voos internacionais. Por conta disso, a empresa teve de reajustar a sua produção de ovo, o que provocou uma escassez do produto no mercado interno. “Foram momentos difíceis”, recorda.

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Porém, o aviário, que emprega 74 trabalhadores, conseguiu aguentar o solavanco. Isto aconteceu, segundo Santos, porque se trata de uma empresa financeiramente sólida, que não deve à banca e aos fornecedores. “Tínhamos uma almofada de tesouraria que nos permitiu aguentar os impactos da pandemia nestes dois anos”, explica.

Apesar dos contratempos, João Santos prevê um incremento do negócio com a retoma do turismo em Cabo Verde. Aliás, salienta que o Governo perspectiva atingir os 1,2 milhões de turistas daqui a pelo menos quatro anos, o que, para ele, é uma excelente notícia. “É uma perspectiva promissora, mas vai depender da evolução do preço da matéria-prima e do engajamento do Estado com as empresas importadoras”, salienta o empresário.

Mesmo assim, a Sociave fez novos investimentos e aumentou a capacidade da sua linha de produção para 100 mil ovos diários. Um recorde. Além disso, o centro de incubação de pintos aumentou a sua capacidade de 14 mil para 20 mil por semana.

Santos enfatiza que a empresa quer crescer com o turismo, sem esquecer o mercado doméstico. A empresa conseguiu fechar contrato com um dos maiores abastecedores dos hotéis, tendo destinado 40 por cento da sua produção de ovos, ou seja, 40 mil ovos diários, para os hotéis do Sal e da Boa Vista. Explica que esse acordo foi alcançado devido a previsibilidade das linhas marítimas com essas ilhas, com o navio Dona Tututa. 

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Kimze Brito

Jornalista com 30 anos de carreira profissional, fez a sua formação básica na Agência Cabopress (antecessora da Inforpress) e começou efectivamente a trabalhar em Jornalismo no quinzenário Notícias. Foi assessor de imprensa da ex-CTT e da Enapor, integrou a redação do semanário A Semana e concluiu o Curso Superior de Jornalismo na UniCV. Sócio fundador do Mindel Insite, desempenha o cargo de director deste jornal digital desde o seu lançamento. Membro da Associação dos Fotógrafos Cabo-verdianos, leciona cursos de iniciação à fotografia digital e foi professor na UniCV em Laboratório de Fotografia e Fotojornalismo.

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