O armador João Santos, proprietário dos navios Mar Azul e Mar Novo, que na década de 1990 operavam regularmente na rota Mindelo/Porto Novo, está revoltado com a forma como diz ter sido tratado no Porto Grande em S. Vicente. Santos afirma que foi humilhado ao ser impedido de entrar no caís para fazer uma visita técnica ao navio Sotavento, a pedido do armador da embarcação.
“Ia fazer uma visita técnica ao navio Sotavento, a pedido do armador. Quando cheguei na porta do caís principal o segurança informou-me que eu só poderia entrar mediante o envio de um email por parte do armador do navio para o director de Segurança da Enapor a solicitar para autorizar a minha entrada”, explica este antigo armador, que acusa a empresa de excesso de zelo e de burocracia.
É que, diz João Santos, como armador, há longos anos mantém relações comerciais com a Enapor. “Já paguei milhares de contos a esta empresa como armador dos navios Mar Azul e Mar Novo. Entendi que era ridículo a Enapor ter esta atitude para comigo e fui falar com o director de segurança, que não obstante ser uma pessoa que me conhece, voltou a repetir a informação que o segurança já tinha avançado. Senti-me humilhado e injuriado porque não sou uma pessoa estranha à Enapor.”
O mais surpreendente, de acordo com este entrevistado, é que logo de seguida este autorizou a sua entrada, alegando que o armador do Sotavento já tinha enviado o email. Mesmo assim, Santos mostra-se inconformado porquanto, diz, é um armador nacional e tinha um motivo plausível para entrar no caís principal. “O mais caricato é que, quando lhes questionei sobre a autorização, fui informado que era válida apenas para esta visita. Caso precisasse regressar, teria de ter outra autorização.”
Para Santos, é uma vergonha para a Enapor e para Cabo Verde exigir de armadores nacionais uma autorização para entrar na área portuária. Cita, a titulo de exemplo, os vizinhos Canárias e Senegal em que, diz, a partir do momento em que uma pessoa se identifica como armador, é facultada a sua entrada, onde os portos são maiores e se confunde os portos com as cidades. “Infelizmente, isto só acontece em S. Vicente porque tive informações de que no Porto da Praia não há essa exigência”.
A Enapor, através da assessoria de Comunicação, informa que há normas de segurança que precisam ser cumpridas e isto é igual para qualquer pessoa que queira entrar no cais, desde que não esteja ligado a empresa. A empresa assegura que não pode de forma alguma abrir excepção porquanto, em caso de ocorrer algum acidente, há responsabilidades a serem assacadas.