Três jovens mindelenses – Raissa Spencer (27 anos), Miriam Wahnon (22 anos) e Melanie Ramos (19 anos) – resolveram copiar e trazer o projecto “Patinha Felizes” para São Vicente. Apaixonadas por animais, esperam com esta iniciativa – que é inédita em Cabo Verde, mas muito em voga no estrangeiro – proporcionar uma melhoria na qualidade de vida dos animais abandonados nas ruas da ilha, através da disponibilização de alimentos, mais propriamente ração seca, e água limpa em bebedouros e comedouros.
Em um exclusivo Mindelinsite, Raissa Spencer conta que descobriram este projecto nas redes sociais e acharam a ideia interessante. “Foi uma ideia que a nossa colega Melanie encontrou em uma publicação de uma pessoa no estrangeiro. Gostou e divulgou. Posteriormente, resolvemos juntar forças e fazer algo similar em São Vicente”, explica esta jovem, que se mostra entusiasmada, principalmente com o acolhimento por parte das pessoas.
As três jovens começaram por divulgar imagens do projecto nas suas contas pessoais no Facebook e no Instagram e a solicitar doação de materiais para montar os comedouros e bebedouros, no caso cola, tubos, curvas, tampos de PVC, braçadeiras e serrilhas. “Apareceu a Abrudi, uma empresa que vende materiais de construção civil, que nos doou alguns tubos e curvas. Também recebemos apoio de entidades e pessoas individuais que nos ofereceram alguma quantia em dinheiro, que nos permitiu adquirir alguns materiais em falta, caso de braçadeiras para os afixar nas paredes.”
Volvidos dois meses, de acordo com Raissa Spencer, os comedouros e bebedouros já estão disponíveis em pelo menos 12 bairros da ilha de São Vicente, designadamente Centro da Cidade, em Chã de Alecrim, Madeiralzinho, Chã de Cricket, Alto de São Nicolau, Mindelvet, Cruz, Fonte Inês, Ribeira Bote, Horta Seca e Monte Sossego.
A ideia é, no entanto, abarcar todas os bairros da ilha de São Vicente. “Temos uma lista das zonas, sendo que nas com maiores dimensões pensamos colocar dois ou três recipientes. Mas, nesta fase, queremos contemplar cada uma com um comedouro e um bebedouro. Depois, à medida que for aparecendo mais doações iremos reforçar estes postos. Também pedimos às pessoas para doarem ração para os postos”, pontua Raissa, que se mostra confiante no surgimento de mais parceiros, inclusive já sonha expandir o projecto para outras ilhas.
Sensibilizar a população
A colocação dos tubos não é aleatória, até porque não podem perfurar paredes sem consentimento dos donos. Segundo Raissa, são escolhidas pessoas sensíveis e que ficam “responsáveis” pelo parque e por angariar mais apoiantes para abastecer os comedores e bebedouros com água e ração. Paralelamente, nas suas redes sociais, as três jovens divulgam vídeos a mostrar o trabalho que vai sendo feito por forma a criar mais empatia.
“Com este projecto, pretendemos não só melhorar a qualidade de vida dos animais, mas também consciencializar a população a ajudar os animais e a abraçar causas que os envolvem. As pessoas estão a gostar e, pelo menos até agora, nenhum recipiente foi destruído”, lê-se numa publicação nas suas páginas no Instagram e no patinhasfelizesmindelo.wordpress.com.
Infelizmente, apesar dos pedidos de apoio enviado às instituições públicas, não tiveram até agora nenhuma resposta. Mesmo assim, mantém o entusiasmo. Raissa é formada em informática, Melanie viaja na próxima semana para iniciar uma licenciatura e Miriam estuda em São Vicente. Nenhuma delas tem formação académica em veterinária ou áreas afins. Estão juntas apenas pelo amor aos animais e esperam inspirar outras pessoas.
“Nós todas temos animais e ficamos muito preocupadas com os animais que vivem na rua. Sabemos que há uma quantidade imensa de animais em São Vicente, principalmente na Baía das Gatas. É uma situação que nos entristece e que nos motivou a dinamizar este projecto”, finaliza.
