Jogadores e equipa técnica dos “tubarões-azuis” depositaram hoje coroas de flores nas covas de Dukinha e Jôn d’Julia no cemitério de S. Vicente, dois talentos que integraram a seleção de Cabo Verde de futebol, falecidos no mês de outubro na cidade do Mindelo. O primeiro na sequência de um acidente de viação, o segundo vítima de doença.
Coube ao guarda-redes Vozinha e ao técnico Bubista a honra de colocar os ramos de flores junto aos restos mortais de Dukinha e Jôn d’Julia, respectivamente, momentos assinalados com salvas de palma.
Antes de partirem para o cemitério, o técnico Bubista e o capitão Marco Soares enalteceram as qualidades desportivas e pessoais dos malogrados no decurso de uma visita ao Lar Nhô Djunga, centro que acolhe crianças e adolescentes na ilha de S. Vicente. Em declarações à imprensa, Bubista mostrou-se particularmente agradecido pela oportunidade que teve de conviver com os dois atletas dentro e fora do campo.
“Tive uma relação muito particular com eles porque Jôn d’Júlia foi quem levou-me para o estádio da Fontinha, enquanto Dukinha foi meu jogador por toda a vida, diria isso. Mesmo depois de largarmos a carreira no futebol federado continuamos a fazer o nosso jogo particular”, revela Bubista, para quem os malogrados merecem toda a homenagem possível por aquilo que deram ao desporto cabo-verdiano, sem também esquecer o guarda-redes Dany, igualmente falecido na sequência de um acidente de viação.
Neste sentido, ele e Marco Soares concordam com a ideia lançada por Rocca Veracruz no Facebook para que os presentes nas bancadas façam uma homenagem ao jogador Dukinha ao minuto 10 do jogo Cabo Verde x República Centro Africana com um minuto de palma. Segundo Rocca, o foco é Dukinha porque ele foi da seleção, tinha uma relação muito forte com os actuais jogadores e faleceu vítima de um acidente de viação quando estava a acompanhar dois atletas da seleção para o aeroporto.
O programa da seleção foi marcado esta manhã por uma visita ao Centro Nhô Djunga, espaço pertencente ao ICCA, que, segundo a Delegada Lenilda Brito, acolhe crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, dos zero aos 18 anos de idade. Esse encontro de cortesia foi solicitado pela própria seleção, que quis conhecer a realidade do serviço e usar a capacidade de influência dos jogadores para passarem uma mensagem positiva e de incentivo aos jovens. Por coincidência, o jogador Ryan passou por esse centro, ele que hoje é um símbolo desportivo para a juventude cabo-verdiana pelo seu percurso no futebol.
Para Lenilda Brito, delegada do ICCA em S. Vicente, essa visita foi pertinente porque, diz, a seleção tem outra capacidade de influência junto das crianças e adolescentes. “Podem influenciar uma criança ou um jovem com uma simples palavra. Só ver os atletas aqui no espaço já é um grande incentivo para as crianças”, comenta Lenilda Brito, que conta com o envolvimento dos “tubarões-azuis” nos projectos desenvolvidos pelo ICCA, que acolhe neste momento 28 crianças no centro de emergência infantil e 9 adolescentes no lar Nhô Djunga. Um apelo que foi recebido de forma positiva pelo capitão Marco Soares e o treinador Bubista, depois de ficarem a conhecer o funcionamento do espaço e elogiarem o trabalho desenvolvido por esses educadores em prol de crianças e jovens vulneráveis.