O Director Nacional da Saúde voltou hoje a alertar para o aumento galopante dos casos de Covid-19 em Cabo Verde e enfatizou que ir a uma festa não é algo imprescindível para a sobrevivência das pessoas, ainda mais num quadro de pandemia. Segundo Jorge Barreto, apesar de o lazer fazer parte do modo de vida dos cabo-verdianos, a continuidade da pandemia obriga a uma ponderação sobre a imperiosa necessidade de alguém se submeter a uma aglomeração e correr o risco de contrair um vírus mortal.
Para ele, a questão não se prende apenas com as consequências individuais, mas até colectivas e para a própria economia de Cabo Verde. “Da forma como os casos estão a aumentar, os indicadores de Cabo Verde vão voltar ao vermelho. Várias actividades podem ser de novo restringidas, não necessariamente a circulação. Porém, os outros países podem desaconselhar a vinda para Cabo Verde dos seus cidadãos e isso voltar a afectar os profissionais ligados ao sector do turismo”, alerta Jorge Noel Barreto, que diz ter conhecimento da realização de convívios em bares, esplanadas e em casas particulares, sobretudo aos fins-de-semana.
Barreto adverte que o quadro epidemiológico voltou a ser preocupante, devido ao crescimento substancial de casos nas últimas semanas. Em termos comparativos, adianta que na semana passada houve um aumento de 200 casos em comparação com a anterior, diferença esta que aumentou nesta semana com mais 300 positivos detectados.
Jorge Barreto admite que o abrandamento das restrições, com a adopção do estado de contingência, e a campanha de vacinação sejam dois factores preponderantes na mudança de comportamento social e o seu impacto nos casos novos. Porém, lembra que apenas 18 por cento da população elegível a nível nacional já tomou a segunda dose e que a vacina, apesar de proteger a pessoa imunizada e poder evitar a morte, não impede a contaminação pelo vírus Sars-Cov-2. Aliás, adiantou que já houve óbitos de pessoas com a vacinação completa, embora sejam fundamentalmente idosos afectados por outras doenças.
Aproveitando a embalagem, o DNS chamou ainda a atenção para o facto de uma pessoa começar a criar anticorpos contra a Covid-19 após pelo menos 14 dias. Ou seja, não é vacinar e pensar que já está imune. Esta, diz, é uma informação útil para quem precise solicitar o certificado. “O certificado de vacinação só é válido a partir do período mínimo para o organismo produzir resposta de defesa contra a doença. Enquanto isso, o documento não terá validado porque a pessoa não está devidamente protegida”, afirma Barreto.
Esta chamada de atenção surge num dia em que o Ministério da Saúde anunciou mais dois óbitos (um na Praia e outro em S. Vicente) e detectou mais 56 casos, desta vez em 1.292 amostras. Entretanto, 72 pacientes foram dados como recuperados, fixando em 764 os casos activos no arquipélago.