Uma aluna obteve cem por cento de sucesso em todos os serviços nos primeiros três dias da clínica de voleibol no “campus de verão” do projecto Aminga. No outro prato da balança, uma colega falhou todas as tentativas em dois dias. Na clínica de basquetebol, foi declarada uma “guerra” saudável entre os jogadores, cada um tentando superar os resultados estatísticos do melhor pontuado do dia anterior. Assim que iniciam os treinos, procuram saber quem está à frente e tentam fazer melhor para o destronar. Deste modo, todos melhoram a sua prestação.
O apuramento destes dados só foi possível graças ao trabalho feito por Kimiyo e Brandon, dois especialistas de análise comportamental formados nos Estados Unidos. Cabe-lhes tomar nota da performance dos jogadores e entregar os dados aos treinadores para saberem qual o foi o real rendimento de cada um num determinado dia. “São dados factuais, a realidade crua. Sem nenhuma emoção”, comentam Kimiyo e Brandon. A partir desse quadro, acrescentam, cabe ao atleta reagir, visando sempre melhorar o seu rendimento.
“Estes dados são muito importantes porque dizem ao atleta claramente como está a trabalhar. Sem palmadinhas nas costas”, frisa Brandon. Segundo este especialista, a partir desses números o atleta tem a real noção da sua evolução. Se conseguir melhorar rapidamente o seu rendimento numa semana, diz, imagina o salto que pode dar após um mês de intenso trabalho.
Todos os dias, Kimiyo e Brandon repassam as estatísticas de cada atleta para os treinadores. Mas os jogadores ficam também a conhecer esses dados. Aliás, estas informações são tratadas pelos próprios alunos na aula de informática, com elaboração de tabelas no programa Exel. Para poderem acompanhar a performance de tantos jogadores, os analistas contam com a colaboração de voluntários do campus.
O trabalho de Kimiyo e Brandon não se resume ao campo desportivo. Analisam também o comportamento social dos alunos. Por exemplo, repararam que no primeiro dia não realizaram tarefas básicas como jogar o resto da comida no contentor de lixo e ficaram a saber que alguns estudantes estavam a conversar com colegas nas aulas de informática e inglês, em vez de prestarem atenção na matéria.
“O que fizemos foi elaborar um contrato e que assinaram. O contrato foi lido nas aulas e afixado nas paredes e nas mesas do almoço”, informa Kimiyo. No fundo, esse documento obrigava os alunos a assumir comportamentos mais responsáveis, mediante regras bem claras.
“Vimos uma mudança radical logo no dia seguinte. Passaram a chegar à hora certa nas salas de aula e a arrumar os pratos após o almoço e pararam as conversas paralelas durante as aulas”, assegura essa jovem norte-americana, realçando que esses “desvios” comportamentais não aconteceram durante a prática desportiva. Kimiyo deixa claro que, na verdade, o contrato não foi estabelecido entre os alunos e os professores, mas com as suas próprias pessoas. Assumiram a responsabilidade de mudar o comportamento, cientes das vantagens para si e a comunidade estudantil.