O curso de Beleza e Estética, a nova aposta formativa da OMCV, atraiu um grupo de mulheres que quer fazer desta área o seu futuro profissional. No entanto pode ser a última aposta da organização, uma vez que os recursos escasseiam.
“Temos muita gente inscrita à espera e as formações exigem recursos que neste momento estamos sem como continuar a suportar”, lamenta a delegada dessa ONG em São Vicente. Segundo Fátima Balbina, o facto de neste momento não ser possível aglomeração em espaços fechados torna ainda mais dispendiosa a iniciativa.
“É uma formação bastante cara e, como a OMCV costuma trabalhar com uma camada muito mais desfavorecida, que paga uma propina social mínima, temos ponderado a retoma desta formação. Antes trabalhávamos com 15 pessoas numa sala e hoje 8 por causa do distanciamento”, informa esta fonte, que admite que esta situação causou algum constrangimento pelo número elevado de inscritos. A insistência no setor da hotelaria por estas profissionais foi um dos factores que fez com que a OMCV retomasse a formação e o facto de não ser a primeira vez que o curso é realizado na instituição social, onde antes havia um espaço bastante apetrechado com formações permanentes em estética.
“Chegamos na altura a trazer profissionais de fora para ministrarem os módulos formativos e temos muitos profissionais no mercado espalhados pelo país e que vivem desta profissão. Está a ser implementado graças às camas de massagem dos cursos ligados a esta área anteriormente ministrada na OMCV e de outros donativos oferecidos por outros parceiros. Óleo e cremes foram também oferecidos para que retomassem a formação”, diz.
A presença da brasileira Elisabeth Tavares, que foi indicada à organização quando ainda não residia no país, fez despoletar esta formação, já que esta é formada nesta área e durante os três meses irá apresentar às estudantes o mundo da massagem, manicure, pedicure e limpeza de pele. A formadora levou alguns meios de casa para o projeto, para que fosse possível a sua implementação, ofereceu a cada formanda um kit de trabalho e os aventais foram doados pela OMCV.
Elisabeth Tavares chegou a Cabo Verde para acompanhar o marido, em deslocações a trabalho, desde novembro do ano passado. Desde então diz estar interessada a repassar a sua experiência adiante e promete trazer às jovens formandas muitas atualizações sobre a área da beleza e estética. “Há muito a falar sobre a massagem e neste sentido há a aroma terapia muito usada no mundo desportivo”, exemplifica a brasileira, que admite que a cada mês irá focar numa das áreas propostas pela formação, de forma a deixar as participantes prontas para darem resposta ao mercado de trabalho.
Para algumas das formandas, o curso será o mergulho num mundo ainda estranho. Porém, para outras nem por isso. A jovem Sulamita Fortes, apesar de ter trabalhado com massagem na ilha do Sal, que decidiu aceitar a proposta da organização para auxiliar a formadora, também pretende assimilar os ensinamentos para se lançar no mercado novamente, uma vez que se encontra desempregada e por isso coloca grandes expectativas no curso para seu futuro.
Beleza e Estética não é o único módulo a ser desenvolvido na sede da instituição na Pracinha Dr. Regala. Cozinha e restauração, costura, serviços de andares e hotelaria são os outros que ocupam e dinamizam as actividades na ONG, totalizando 66 pessoas.
Dada a importância da qualificação no desenvolvimento do país e do número “elevado” de pessoas jovens fora do sistema de ensino e do mercado de trabalho, Fátima Balbina apela a um maior envolvimento de organizações locais, nacionais e internacionais na formação profissional em Cabo Verde.