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Criadores pedem implementação urgente da resolução que fixa preço do saco de milho

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Os criadores de animais pedem celeridade na implementação da resolução de 31 de maio último que fixa o preço dos sacos de milho em 1.600 escudos, valor muito inferior aos 1.950 que vinha sendo praticado pelas empresas importadoras. É que, por causa do preço excessivo, os criadores estavam a vender os animais para abate, o que os leva a afirmar que a medida chegou em muito boa hora para ainda tentar salvar alguma cabeça de gado.

O sector da criação de animais está completamente estrangulado por causa do preço do milho pelo que o impacto desta medida na avicultura vai ser imenso, afirma o presidente do Conselho de Administração da Sociave, um dos maiores consumidores do milho do país. “Consumimos cerca de seis mil sacos de milho por mês. Neste momento o preço unitário é de 1.950 escudos. É só fazer as contas e ver qual o impacto que esta medida vai ter na tesouraria da nossa empresa”, congratula João Santos, deixando claro que nenhum aviário ou pequeno criador de animais poderia aguentar mais tempo o preço do milho que vinha sendo praticado pelas empresas importadoras.

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Santos sinaliza em especial os pequenos criadores de animais, proprietários de duas, três ou meia dúzia de cabras que, analisa, tinham de comprar um saco de milho, pagar pela moagem e transporte, elevando assim o preço unitário para mais de dois mil escudos. “Era um desespero para estes pequenos criadores. Por isso digo que esta é uma medida que estávamos à espera. Foi aprovada em Conselho de Ministros antes das eleições legislativas. E nota-se que já vamos no segundo aumento, este último com o carregamento que chegou ao país há duas semanas.”

Agora, a expectativa deste nosso entrevistado é que a medida seja implementada o mais rapidamente possível para que os criadores de animais e aviários possam respirar de alívio. “Tenho informação que alguns criadores de São Vicente e Santo Antão começaram a vender os seus animais para abate. Nenhum criador consegue aguentar o preço que vinha sendo praticado, pelo que esta medida chega em boa hora. Mas precisa ser implementada o mais urgente possível para ainda tentar salvar alguma cabeça de gado”, instiga.

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Evitar o abate de animais

Igual entendimento tem o presidente da Associação de Agricultores do Calhau, que congrega no seu seio alguns pequenos criadores. Em declarações ao Mindelinsite, este confirma que têm sido muito penalizados com os preços elevados do milho. É que, diz, por causa da seca que tem assolado o país, tiveram de optar pela ração, mas o preço do milho impossibilita. “Não sei ao certo os volumes de milho que os criadores compram, mas por causa da seca a demanda tem sido maior e os preços são proibitivos. Não se justifica manter as cabeças de animais nesta situação”, desabafa, mostrando-se optimista com a medida que permite reduzir os custos da actividade.

Foi impossível ouvir as empresas importadoras, no caso a Moave e a SIC. Certo é que a resolução n.º60/ 2021 de 31 de Maio aprova a adopção de medidas adicionais de compensação financeira pelo Estado às importadoras de milho e farinha, produtos de primeira necessidade. Esta medida visa evitar que as alterações de preços no mercado internacional reflitam em Cabo Verde. Assim, o custo máximo do saco de farinha de trigo de 50 quilos é fixado em 2.380 escudos e o do saco de milho de 50 quilos em 1.600 escudos.

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O Governo justifica esta medida dizendo que a Covid-19 está a afectar grandemente o mundo, não apenas provocando um elevado número de infectados e mortos, mas também a nível das actividades económicas, em decorrência das restrições impostas para evitar a propagação da doença. No caso de Cabo Verde, decidiu estabelecer uma estratégia para a mitigação desses impactos na esfera económica, nomeadamente a nível da estabilização de preços.

Neste sentido, o Executivo destaca a aprovação da resolução n.80/2020 de 3 de junho, agora actualizada com esta nova resolução, que estabelece medidas compensatórias que visam a manutenção do preço da farinha devido ao aumento do trigo no mercado internacional, acrescentando que os cerais constituem a base da dieta alimentar nacional. Esta medida, remata, visa estabilizar o preço dos produtos alimentares de primeira necessidade.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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