Faleceu Onésimo Silveira, o “expoente máximo” da política cabo-verdiana, segundo Albertino Graça
O político e intelectual Onésimo Silveira faleceu esta manhã na sua residência na cidade do Mindelo aos 86 anos de idade, vítima de doença. O ex-presidente da Câmara de S. Vicente morreu por volta das sete horas da manhã, segundo o amigo chegado Albertino Graça, que levou esta informação aos seus pares na sessão da Assembleia Municipal, entretanto imediatamente suspensa.
“O falecimento do Dr. Onésimo era previsível devido ao seu estado de saúde, mas ontem ele estava relativamente bem”, disse o reitor da Universidade do Mindelo. Para este também vereador da municipalidade mindelense, Cabo Verde perdeu o expoente máximo da politica nacional.
“A forma como fazemos campanha em Cabo Verde foi trazida pelo Dr. Onésimo. Tive o prazer e a honra de fazer campanha com ele, aprendi muito e ganhei um grande amigo”, realça Albertino Graca, que homenageou Silveira com a criação de um auditório com o seu nome na UniMindelo. “Uma homenagem muito merecida”, sublinha.
Ciente que o fundador do PTS poderia partir a qualquer momento, Albertino Graça estava a preparar a inauguração da Biblioteca Onésimo Silveira, na referida universidade, apetrechada com o espólio oferecido pelo próprio Silveira. Mas, apesar da “maratona”, foi impossível concluir o trabalho a tempo de a sala ser aberta ao público antes da morte de Silveira.
Colega de Onésimo Silveira na política, João do Rosário vê a partida desse amigo como a lei da vida, algo natural. Mas, em termos sentimentais, reconhece que esse acontecimento é muito duro. Para ele Cabo Verde e a África perdem um intelectual de rara craveira, um africano nato que marcou a sua época na política e na literatura. “Ele marcou a nossa época no tempo de Amílcar Cabral e durante a transição política para o sistema democrático”, frisa esse ex-presidente do Partido do Trabalho e da Solidariedade.
Como lembra, o PTS nasceu fruto dos encontros no chamado Espaço Democrático, em S. Vicente, tendo o partido eleito deputados para o Parlamento. Na altura, frisa, o PTS colaborou com a bancada do PAICV e Onésimo Silveira foi escolhido como Embaixador de Cabo Verde em Portugal, país onde ajudou a conseguir o financiamento para o aeroporto internacional Cesária Évora. “Ele deixou vários ‘silveiristas’ por Cabo Verde e eu sou um deles e prometo continuar a dar corpo ao seu legado”, compromete-se o empresário João do Rosário.
O corpo do malogrado deve ficar em câmara ardente no salão nobre da CMSV e o funeral realizado amanhã.