A Agência OM Crédito, inaugurada ontem no Mindelo, promete dar oportunidade de créditos a mulheres que não conseguem nas outras instituições financeiras. O acto, que faz parte da comemoração dos 40 anos da Organização das Mulheres de Cabo Verde, garante condições propícias para que trabalhadoras dos 18 aos 65 anos possam ter acesso ao serviço.
“A OM Crédito tem condições ideais e iguais a qualquer outra instituição financeira e surge como uma alternativa para que as mulheres tenham oportunidade de acesso a créditos em condições que muitas vezes não encontram nos bancos comerciais. As condições na OM Crédito são muito mais favoráveis e na medida das suas necessidades. Sabemos que, quando são exigidas condições exageradas, não conseguem reunir os requisitos para acederem a um crédito que poderia contribuir para revolucionar suas vidas” lamenta Joanilda Alves, vice-presidente da OMCV.
Para esta membro da OMCV, o valor não precisa ser elevado para que uma empreendedora tenha sucesso no seu negócio. Isto porque, assegura, há mulheres que começaram com 10 mil escudos e que hoje são empreendedoras, empresárias de negócios de pequeno e médio porte. Joanilda Alves deixou claro que a OM Crédito tem a mulher cabo-verdiana no centro da atenção, principalmente a com baixo rendimento, lembrando que o intuito é contribuir para que as mulheres, mesmo com poucos recursos, possam estar no mesmo patamar de igualdade e de oportunidade com as com mais rendimento e acesso a créditos nos bancos comerciais.
“Muitas vezes a exclusão económica e social que as mulheres são confrontadas diariamente está relacionada com a falta de rendimento e de autonomia financeira a que são sujeitas. A missão da OM Crédito é de trabalhar, contribuir para reduzir o fosso entre os que têm mais e os que possuem menos, empoderar e promover a inclusão das mulheres economicamente e socialmente, colocando a mulher na posição ao lado dos homens, em que podem se candidatar e aceder a qualquer cargo na sociedade cabo-verdiana, e forma igualitária”, pontua.
Micro-finanças
Desde 2015, por imposição da lei que veio regulamentar a micro-finanças em Cabo Verde, as organizações da sociedade civil que se dedicavam também à atribuição de crédito e captação de poupanças tiveram de separar a parte social de a das micro-finanças, por motivos de gestão e transparência. Em 2019, a OMCV criou as condições legais, supervisionadas pelo Banco de Cabo Verde e fundou a OM Crédito, uma mutualidade de poupança e crédito. É accionista maioritária desta instituição, que tem 2500 clientes ativos. E mesmo com a pandemia a instituição continua a trabalhar.
Neste acto que marca mais um aniversário, a OMCV parabenizou todas as mulheres cabo-verdianas, em especial as fundadoras da organização, que considera heroínas corajosas que, num momento difícil da construção nacional, tiveram “ousadia e coragem de criar esta instituição.”
“Essas mulheres contribuíram para a construção do estado de Cabo Verde, para a emancipação das mulheres, sendo que trabalharam desde a saúde materno-infantil ou alfabetização, para que hoje nos que somos ligeiramente mais jovens estejamos aqui tomando a palavra com formação, coragem e com a mesma força e determinação, porque tivemos mulheres que nos inspiraram. A essas mulheres nos rendemos a nossa homenagem”, diz Fátima Balbina.
Para a delegada da OMCV-São Vicente, estas quatro décadas da organização foram de promoção da igualdade, empoderamento e equidade de género no país. E o resultado está à vista de todos. “Transformamo-nos numa ONG que nunca fugiu ao propósito para que foi criada”, garantiu Fátima Balbina, que promete continuar a trabalhar para dar resposta à solicitações que a sociedade e apontou a OM Crédito como um feedback necessário.
Estiveram presentes no acto representantes das delegações de Santo Antão, São Nicolau e a vice-presidente da OMCV, para além de algumas pessoas que estiveram à frente da estrutura da OMCV e fundadoras. Paralelamente, realizou-se uma exposição, venda, sorteios ao ar livre e foi oferecido um almoço. Foi ainda lido um poema oferecido por uma encarcerada da Cadeia da Ribeirinha, que falava das mulheres, sonhos e amor.
Sidneia Newton