Os clubes de futebol de S. Vicente decidiram ontem por unanimidade, em Assembleia Geral Extraordinária, pela não retoma das competições regionais. O anúncio foi feito esta manha à imprensa pelo presidente da Associação Regional de Futebol, César Lima, que apontou três razões para esta “triste” decisão: sanitária, financeira e infraestruturas/logística. este garantiu ainda que esta decisão já foi comunicada a Federação Nacional de Futebol.
A reunião magna contou com a participação de 13 dos 16 clubes de S. Vicente, Mindelense, Académica, Batuque, Derby, Castilho, Farense, Falcoes, Amarante, Ribeira Bote, Calhau, São Pedro, Estoril e UniMindelo. De fora ficaram o Salamansa, Ponta d´Pom e Corinthians. “A decisão da não retoma vem sendo estudada de a um ano para cá. Tivemos encontros com as entidades competentes na questão sanitária e das infraestruturas. Não queremos colocar em risco ninguém que faz o espectáculo do futebol, principalmente os jogadores”, afirmou o presidente da ARFSV.
Quanto à questão financeira, César Lima apontou a necessidade dos jogadores serem testados regulamente e a impossibilidade dos clubes suportaram os custos. “Tem a ver com custo dos testes que cada equipa teria de fazer durante os fins-de-semana. Já a questão logística e infraestrutura tem a ver com os campos de treino que tínhamos para treinar e que estão com os pisos impraticáveis. O Centro de Estágio foi transformado em hospital de campanha, o Adérito Sena está em obras”, clarifica este responsável.
Ladeado pelos presidentes da mesa da AG e pelo Secretário, o responsável regional pelo futebol de SV lamentou a falta de condições de pelo menos dois dos cinco campos de treino, o de Bela Vista e Chã de Alecrim. Lima garantiu que gostaria que SV pudesse ter o seu o Regional e participasse no Nacional, mas não há condições. “Temos disponíveis os campos de Monte Sossego, Ribeira de Craquinha e Salamansa. Estamos ávidos de jogar, mas o que está em causa é a vida dos nossos atletas, dirigentes e adeptos”.
Lima admite que a decisão de não retoma não tem implicações para a ARFSV, mas para os clubes representa algum revés financeiro. “Temos aqui na ilha 14 clubes que jogam no Adérito Sena e 11 inscritos. Isso acarretou uma despesa grande com assinatura de contratos, com jogadores, inscrição na plataforma Fifa Connect. Tiveram vários custos e não foram ressarcidos”, lamentou, realçando que os clubes podem ter também perdido os patrocínios por causa da pandemia, que obrigou a suspensão dos jogos.
“A nível financeiro, está situação é dramática para os clubes de futebol de SV”, pontua. Este diz, no entanto, desconhecer a situação dos atletas que vivem do futebol porque as queixas não chegam à associação. Acredita os clubes podem estar melhor posicionados para falar sobre isso porque, possivelmente, são eles que recebem as reclamações dos atletas. “Acredito que esta seja mais uma preocupação dos dirigentes dos clubes de futebol.”
Se não bastasse todos estes problemas elencados, indica Lima, S.Vicente ainda está em estado de calamidade, pelo que seria impossível realizar os jogos necessário após o seu término para que a ilha pudesse ter um campeão com ritmo para jogar o nacional. Agora, diz, é trabalhar para que a próxima época decorra daquilo que é a normalidade nos tempos da Covid-19. De recordar que o Estádio Adérito Sena está ainda em obras, com previsão da entrega à Federação de Futebol apenas para meados de março.
