Por: Filipe Soares
Hoje é dia dos Heróis Nacionais em Cabo Verde e, mesmo em tempos pandémicos víricos e acima de tudo sociais, muitos poucos poderão duvidar hoje em dia que em Cabo Verde “a liberdade é hino e o homem a certeza”. Este senso deverá ser sempre inconformista em que o “Homem” procure com o seu erro “aprender, aprender sempre”, refletindo, promovendo e melhorando trajetórias, evitando populismos e extremismos exacerbados que nos cegam e limitam o pensamento em prol do desenvolvimento em cada fase das nossas vidas .
A lição “Mundial de Andebol” enquadra-se plenamente neste prefácio. Seria muito simples questionar “o que falhou?” Sem dúvida, pelos relatos, imagens e factos falhou alguma coisa … ou a tradicional pergunta de “quem foi a culpa?”
Era muito fácil estar a criticar o altruísmo bazofo e egocêntrico de alguns e o gozo de andar na crista da onda de outros, não acautelando uma estrutura e organização focada e mais coerente com as necessidades dos nossos dias e com o orçamento apresentado e difundido (44.000 contos – a ser verdade, um dos maiores orçamentos entre as equipas deste Mundial).
Mas não é esse o propósito. Recuso veemente procurar culpados, recuso-me a seguir a tradicional e efémere frase que “Cabo Verde é um campeão na perda de oportunidades”. Esta oportunidade foi ganha! A promoção efetuada à participação no Mundial de Andebol foi soberba! A ligação sociedade – Seleção foi conseguida! O apoio dado institucionalmente pelos vários parceiros é de louvar e de desenvolver seguramente!
Esta lição é um estudo de caso para as entidades competentes analizarem, refletirem, moldarem e “aprender, aprender sempre” para próximas participações internacionais dos seus Heróis Nacionais que elevam sempre, de forma tão orgulhosa e sentida, o nome Cabo Verde além-fronteiras.
Em menos de uma década, o desenvolvimento do fenómeno desportivo em Cabo Verde motivou um Comité Olímpico e Paralímpico dinâmicos, novas federações a toda a hora, organizações internacionais de grande relevo em solo cabo-verdiano, participações internacionais nas diversas modalidades, agentes desportivos nomeados para as grandes instituições desportivas, o desenvolvimento académico do Desporto através dos graus de licenciatura e mestrado em Ciencias do Desporto, o desenvolvimento do Desporto-Turismo em escala, o aparecimento do Instituto do Desporto e da Juventude…
O Desporto de Cabo Verde subiu de nível e as aprendizagens só poderão fortalecer novas incursões internacionais promotoras do próprio país e, acima de tudo, das bases do sistema desportivo. Como tal, os conteúdos, os objetivos e metas a alcançar serão diferentes e exigirão maior pragmatismo pois as vivências já o permitem, sempre com o ensinamento presente de Amilcar Cabral de devermos “… fazer aquilo que é possivel em cada fase da nossa vida”.