O Papa Francisco defendeu pela primeira vez, de forma aberta, que os casais homossexuais devem ser protegidos pelas leis da união civil, numa declaração que rompe com as posições tradicionais do Vaticano sobre o assunto. Esta afirmação do Sumo Pontífice ocorre numa altura em que em S. Vicente, ilha conhecida por sua tolerância às causas e minorias, ainda é notícia uma agressão brutal a um indivíduo por causa da sua opção sexual.
“Os homossexuais têm o direito de ter uma família. Eles são filhos de Deus e têm direito a ter uma família. Ninguém deve ser deixado de fora ou sentir-se miserável por causa disso”, afirma o Papa numa entrevista para o documentário ‘Francesco’, estreado ontem no festival de Cinema de Roma.
“Aquilo que precisamos é de uma lei de união civil. Dessa forma eles estarão legalmente protegidos”, acrescentou, naquelas que são as suas declarações mais claras sobre o assunto desde que se tornou Papa. “Eu já apoiei isso”, lembrou, referindo-se à altura em que era arcebispo de Buenos Aires. Apesar de se ter oposto à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo, defendeu que deveria existir algum tipo de união civil para casais homossexuais.
“Fê-lo porque acredita que devem ser respeitados direitos básicos como a possibilidade de herdar, visitar o outro no hospital… É uma questão de justiça civil”, disse o biógrafo do Papa, Austen Ivereigh, em declarações ao ‘El País’, ressalvando que esta é, no entanto, a primeira vez que Francisco mostra um apoio tão claro e direto à união civil de homossexuais.
A posição de Francisco sobre os homossexuais e a sua integração na Igreja foi sempre mais avançada que a dos seus predecessores. A primeira vez que falou sobre o assunto foi pouco depois de assumir o Pontificado, em 2013, na viagem de regresso a Roma após uma viagem ao Brasil, quando surpreendeu o Mundo ao afirmar: “Se uma pessoa é homossexual e procura a Deus e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?” Interrogou.
C/CM.PT
